O bilionário Elon Musk afirmou que o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado com a promessa de revolucionar os gastos públicos, vai entregar bem menos do que o anunciado. Em reunião de gabinete na última quinta-feira (10), Musk declarou que o grupo economizará cerca de US$ 150 bilhões, apenas 15% do corte de US$ 1 trilhão prometido anteriormente para o próximo ano fiscal.
O número, no entanto, é questionável. Uma análise do New York Times aponta que esse valor pode ser exagerado, sobre as alegações do DOGE.
Economias duvidosas e dados inflados
Entre as alegações mais controversas do DOGE está o crédito de US$ 318.310.328,30 atribuído ao cancelamento de um contrato que nunca existiu de fato. Segundo o governo, tratava-se apenas de uma solicitação de propostas, sem definição de fornecedor ou valor. Mesmo assim, o grupo computou a quantia como economia líquida.
Esse tipo de imprecisão não é isolado. O DOGE publicou um “Mural de Recibos” com supostas economias, mas mais de 60% dos US$ 150 bilhões reivindicados carecem de qualquer detalhe público. Muitos dos dados disponíveis estão repletos de falhas, como entradas repetidas, confusões entre valores em milhões e bilhões, e contratos cancelados antes mesmo da gestão atual.
Steven L. Schooner, especialista em contratos federais, chamou as afirmações de Musk de “lixo”. Para ele, as alegações ignoram o processo real de negociação pública: “Você não sabe o que vai acontecer”, disse. “É uma bobagem.”
Cortes com impacto global
Apesar da falta de clareza nos números, as ações do grupo já tiveram consequências concretas. Cortes generalizados foram implementados em várias áreas do governo, incluindo demissões e cortes significativos na ajuda humanitária internacional. Musk justificou as medidas prometendo transparência e uma economia histórica, mas a execução tem deixado aliados céticos.
Romina Boccia, do Instituto Cato, comentou: “Eles estão apenas patinando, citando em muitos casos economias exageradas ou falsas. O que é mais frustrante é que concordamos com seus objetivos. Mas estamos vendo-os se debater para alcançá-los.”
Objetivos cada vez menores
Durante a campanha de Donald Trump, Musk chegou a prometer cortes de US$ 2 trilhões no orçamento federal. Após a eleição, o número foi reduzido para US$ 1 trilhão. Agora, fala-se em US$ 150 bilhões — sem comprovação sólida de que esse número será, de fato, alcançado.
Mesmo assim, a Casa Branca continua a defender o grupo. Em comunicado, afirmou que o DOGE conquistou “enormes realizações”, mas evitou comentar os casos de exagero nas alegações.
Enquanto isso, cresce a desconfiança sobre a viabilidade do projeto e a real intenção por trás da retórica de eficiência. O discurso ousado de Musk ainda ecoa, mas os resultados, até aqui, contam outra história.
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