Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente da República neste domingo (30). Na eleição mais apertada da história do Brasil, ele tinha o equivalente a 50,83% dos votos válidos, e terminou à frente do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que teve 49,17% dos votos. às 19h57, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou o resultado.
- Aprenda a investir com os melhores! Participe da sétima edição da Money Week.
O que esperar do novo governo?
O programa de Lula cita como principal objetivo de um novo governo petista o combate à fome e a redução das desigualdades sociais. Também estão no texto propostas como “proteger o patrimônio do país e recompor o papel indutor e coordenador do Estado e das empresas estatais” no processo de desenvolvimento econômico, social, produtivo e ambiental.
Durante a campanha, Lula indicou que, se eleito, revogaria o teto de gastos e reveria alguns pontos da legislação trabalhista alterados pela reforma trabalhista de 2017 e por alterações realizadas pelo governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. O então candidato citou textualmente mudanças na legislação para proteger entregadores de aplicativos.
Além disso, Lula prometeu negociar revisões nas regras da Previdência e negociar uma reforma tributária, a fim de simplificar o sistema tributário e corrigir a tabela do IRPF (Imposto de Renda para Pessoa Física). Um novo governo petista também deve tentar viabilizar uma valorização do salário mínimo.
- Baixe os materiais gratuitos da EQI.
Analises sobre um novo governo Lula
No último dia 27, o canal do Youtube do Eu Quero Investir transmitiu o EQI Talks “Como ficam os investimentos caso a esquerda volte ao poder?”, comandado por Denys Wiese, economista e head de renda fixa; Ricardo Cará, gestor dos fundos multimecados da EQI Asset ; e Roberto Chagas, gestor de renda variável da EQI Asset.
Durante a conversa, os especialistas explicaram as melhores opções para investir com uma vitória de Lula. Na avaliação deles, o plano de governo do candidato Lula poderia ser resumido nos seguintes pontos:
- O Estado como indutor do desenvolvimento;
- Maiores gastos públicos, direcionados para áreas prioritárias;
- Investimentos públicos em infraestrutura;
- Fomento ao mercado interno, com crédito barato;
- Fomento à indústria nacional, com crédito barato e política de proteção e de compras (pelo Estado) de produtos nacionais;
- Agenda ESG forte;
- Contrário às privatizações;
- Revogação de reforma trabalhista: volta da gratuidade da justiça trabalhista para o empregado;
- Outra reforma previdenciária, mais inclusiva;
- Melhoria da imagem e estabilidade institucional: evitar e acabar com a crise entre poderes através da conversa;
- Revogação do teto de gastos;
- Provável volta do imposto sindical;
- Fomento à construção civil e à habitação;
- Fomento ao turismo;
- Fomento à educação;
- Setores beneficiados com compras governamentais: saúde, energia, alimentos e defesa;
- Intervenção no mercado cambial (intenção de diminuir a volatilidade);
- Política de preços controlada de energia e fomento de produção de “bens de consumo críticos”: armas para o controle da inflação;
- Aumento da concorrência do setor bancário e desburocratização.
Para Denys Wiese, o plano de governo do candidato Lula não tem nenhuma novidade em relação ao que já foi feito durante os seus dois mandatos (2003-2010). Os analistas, no entanto, acreditam que a tendência é que Lula faça um programa que tenda ao centro, por dois motivos:
o leque de apoios, inclusive com vários economistas com campo liberal que fizeram parte de governos como o de Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer;
a necessidade de lidar com um congresso de direita, especialmente no Senado,
Ele destaca o apoio de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos dois governos anteriores de Lula (2003–2010) e ministro da Fazenda de Michel Temer (2016–2018), “O mercado espera uma atuação mais pragmática. Não deve haver um descarrilamento do rumo atual, assim como não deve haver uma grande aceleração da economia no longo prazo”, observa.
- Tem vontade de investir em FIIs, os fundos imobiliários? Clique aqui e baixe nosso checklist
Quem é Lula?
Luiz Inácio Lula da Silva, de 77 anos, nasceu em Garanhuns (PE) e iniciou sua trajetória política como sindicalista em 1966. Fundou o PT em 1980 e eleito deputado federal constituinte em 1986.
Lula foi derrotado em três eleições para a presidência da República, em 1989 (por Fernando Collor de Mello, então pelo PRN), 1994 e 1998 (ambas por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB); Elegeu-se pela primeira vez em 2002 , em disputa no segundo turno das eleições com José Serra (PSDB). Em 2006, Lula venceu Geraldo Alckmin (à época, do PSDB), hoje seu vice, sendo reeleito ao cargo.
- Você já conhece a nossa Planilha do Milhão? Clique aqui e faça o download.
Em 2017, foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2018, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro. Em 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin anulou as condenações, por entender que a 13ª Vara Federal em Curitiba não tinha competência legal para julgar as acusações, tornando Lula elegível, decisão confirmada em plenário pelo Supremo no mesmo ano.
Quem é Geraldo Alckmin?
O novo vice-presidente é o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). Nascido em Pindamonhangaba (SP), tem 68 anos, é médico e professor. Foi um dos fundadores do PSDB, em 1988, e eleito vice-governador em 1994 na chapa encabeçada por Mario Covas.
Covas e Alckmin foram reeleitos em 1998, e Alckmin assumiu o governo em 2001, após a morte do titular, vitima de câncer. Foi reeleito em 2002 e, em 2006, candidatou-se à Presidência, sendo derrotado por Lula no segundo turno, com 39,17% dos votos.
Depois de perder nova eleição, para a prefeitura de São Paulo, em 2008, candidatou-se novamente a governador em 2010 e foi eleito no primeiro turno. Reelegeu-se em 2014 e, em 2018, foi novamente candidato à presidência, terminando em quarto lugar, com 4,76% dos votos. No início deste ano, trocou o PSDB pelo PSB e aceitou ser vice na chapa de Lula.
Quer dicas para ajustar seus investimentos após Lula eleito presidente? Preencha este formulário para que um assessor da EQI Investimentos possa entrar em contato.
