O lockdown na China começou a produzir efeitos na logística brasileira. Conforme aponta a matéria de capa do Valor desta quarta-feira (20), os exportadores sofrem com o aumento no preço dos fretes, uma vez que encontram dificuldades para movimentar os produtos, sobretudo aqueles que dependem de contêineres refrigerados, na rota Brasil-Ásia, como é o caso do setor de produção de proteína animal.
Neste mês, o custo do frete nesse itinerário de exportação, que já estava alto, subiu ainda mais, chegando a US$ 6.800,00 por contêiner refrigerado de 40 pés, no mercado de curto prazo. Esse valor é bem superior ao comercializado antes da pandemia, que variava entre US$ 3 mil e US$ 4 mil.
O setor de logística já está sofrendo com cancelamentos de viagens e atrasos, o que, por sua vez, deve repercutir negativamente na indústria da carne nas próximas semanas.
Segundo o levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com dados da Solve Shipping, em comparação anual, essa elevação foi de 58%.
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Exportação é a mais impactada pelo lockdown na China
No momento, a atividade de exportação é a mais impactada pela medida, por conta do congestionamento nos portos da China, principalmente o de Xangai, responsável por concentrar os principais terminais de contêineres do globo.
Em razão da falta de espaço para armazenamento e sem tomadas disponíveis para esses equipamentos, algumas companhias de navegação paralisaram as solicitações de cargas refrigeradas ou passaram a desviar os navios para os demais portos do país.
No entanto, esses espaços também estão lotando, resultando em um efeito cascata, o que faz com que o preço do frete apresente elevação.
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Importação: expectativa é que preços aumentem
O valor do frete para a atividade de importação ainda não foi impactado. Entretanto, a previsão é que o preço, que estava em queda, aumente nos próximos meses. De acordo com o CNI, o custo por contêiner de 20 pés estava em US$ 5.800,00, uma quantia bem inferior aos picos históricos registrados nos últimos tempos.
Recuperação
Tim Huxley, fundador da Mandarin Shipping, disse ao programa “Street Signs Asia” da CNBC, que o setor de transporte de contêineres pode ver uma recuperação “muito forte” a partir do final de abril. Segundo ele, isso ocorreria conforme a política de Covid zero do governo chinês obtenha resultados e o país diminua as restrições.
Xangai está em lockdown desde o mês passado em razão do aumento nos casos de Covid-19. A cidade, que também abriga o porto de contêineres mais movimentado do mundo, vem sofrendo uma quebra na cadeia de suprimentos de logística.