O Irã realizou um ataque de drones e mísseis sobre Israel na noite de sábado (13), em resposta a um suposto ataque israelense que matou altos funcionários iranianos na Síria, em uma escalada das tensões no Oriente Médio.
Israel disse que identificou 300 “ameaças de vários tipos” e eliminou “99%” daquelas com destino a solo israelense, de acordo com uma atualização de um porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o contra-almirante Daniel Hagari.
Ele disse que uma menina de 10 anos foi “gravemente ferida por estilhaços”, mas não relatou vítimas adicionais, acrescentando que “vários lançamentos” também foram feitos em direção a Israel a partir do Iraque, Iêmen e Líbano.
O ataque é o primeiro direto a Israel a partir do território iraniano. Facções apoiadas pelo Irã – como o grupo militante palestino Hamas, o Hezbollah libanês, os houthis iemenitas e a administração síria de Bashar al-Assad – se envolveram militarmente com o estado judeu.
Mais cedo no sábado, a Guarda Revolucionária do Irã havia apreendido um navio cargueiro no Estreito de Ormuz, alegando uma conexão com Israel.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, major-general Mohammad Bagheri, disse que a operação de Teerã já foi concluída e não envolverá mais ações, em comentários veiculados pela agência de notícias estatal iraniana República Islâmica.
“Nesta conjuntura, a República Islâmica do Irã não tem intenção de continuar as operações defensivas, mas, se necessário, não hesitará em proteger seus interesses legítimos contra qualquer nova agressão”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, nas redes sociais no domingo (14), de acordo com a CNBC.
Irã ataca Israel: Resposta a ofensiva em Damasco
Israel e Irã estão à beira de um conflito direto desde o início da campanha militar israelense na Faixa de Gaza, que veio em resposta ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro.
O Irã prometeu vingança após um suposto ataque israelense a um consulado iraniano em Damasco, na Síria, em 1º de abril, que matou vários comandantes militares iranianos.
“Não poderemos comentar as alegações sobre um ataque em Damasco”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense. “O ataque do Irã a Israel na noite de 14 de abril é um ataque direto a uma nação soberana. O efeito desestabilizador do regime aiatolá na região e além devem acabar”.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e “exigiu que condenassem o ataque do Irã a Israel e designassem o Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana como uma organização terrorista”.
EUA, Reino Unido e União Europeia se mobilizam
A União Europeia criticou a ofensiva de Teerã: “A UE condena veementemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel”, disse o alto representante da UE, Josep Borrell, na noite de sábado nas redes sociais. “Esta é uma escalada sem precedentes e uma grave ameaça à segurança regional”.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também denunciou o ataque iraniano no sábado como “sem precedentes” e pediu para convocar os líderes do G7 para “coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã”, de acordo com um comunicado da Casa Branca.
“Embora não tenhamos visto ataques às nossas forças ou instalações, permaneceremos vigilantes a todas as ameaças e não hesitaremos em tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo”, acrescentou.
As relações entre os aliados Washington e Israel pareciam esfriar ligeiramente nas últimas semanas, com Biden alertando que mais apoio dependeria de Israel tomar medidas para proteger civis e trabalhadores de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Mas os EUA – ao lado do Reino Unido e da França, de acordo com militares israelenses – intervieram para mitigar o ataque iraniano da noite passada e o ataque pode reacender a urgência para aprovar um projeto de lei de US$ 95 bilhões, incluindo financiamento para Israel e Ucrânia, que foi aprovado no Senado, mas estagnou na oposição republicana na Câmara dos Representantes.
“À luz do ataque injustificado do Irã a Israel, a Câmara mudará seu cronograma legislativo anunciado anteriormente na próxima semana para, em vez disso, considerar uma legislação que apoie nosso aliado Israel e responsabilize o Irã e seus representantes terroristas”, disse o líder da Câmara, Steve Scalise, nas redes sociais.
“O Congresso também tem que fazer a sua parte. O suplemento de segurança nacional que esperou meses por ação fornecerá recursos para Israel e nossas próprias forças militares na região”, disse Mitch McConnell, líder republicano no Senado, em um comunicado.
Petróleo em foco
Os preços dos futuros do petróleo estão em foco depois de subirem intermitentemente nos últimos meses devido a interrupções no comércio e atrasos causados por ataques marítimos no Mar Vermelho feitos pelos houthis do Iêmen, que reivindicam solidariedade ao povo palestino.
O Irã também abriga vastos recursos petrolíferos, que tem encaminhado em grande parte para a China desde que os EUA reimpuseram sanções durante o governo de Donald Trump.
A moeda iraniana caiu para uma mínima recorde de 705.000 rials /US$ no mercado não oficial no domingo. O principal índice da Bolsa de Tel Aviv, o TA-35, caía 0,38%.
Várias companhias aéreas suspenderam ou desviaram o serviço através do Oriente Médio, após o ataque iraniano. Jordânia, Iraque e Líbano reabriram seus espaços aéreos após breves fechamentos no sábado após a ofensiva.
A investida do Irã contra Israel pode provocar, no curto prazo, uma alta na cotação do petróleo e uma valorização do dólar. Isto reduz o espaço para cortes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Criptos em queda
O Bitcoin caía cerca de 8% no final da noite de sábado, com autoridades dos EUA confirmando que o ataque era iminente.
As moedas digitais foram alguns dos únicos ativos de risco negociados no fim de semana e a queda foi vista como uma reação inicial à escalada das tensões no Oriente Médio.
Na manhã de domingo, ele havia se recuperado para ser negociado acima de US$ 64.000. Outras moedas, como o ether, também tiveram vendas pesadas, caindo até 10%.
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