Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Artigos
Inflação por outra ótica, por Luiz Cesta

Inflação por outra ótica, por Luiz Cesta

A inflação está disseminada e os bancos centrais de praticamente todos os países que contam com esta instituição independente e com metas de inflação, correm para subir juros e estancar a sangria.

Mas o que realmente é “inflação”? A resposta mais óbvia seria o aumento de preços dos produtos e serviços.

Se pensarmos com maior profundidade sobre o tema, veremos que o que realmente importa é, na verdade, uma das mais antigas equações econômicas:

Oferta versus Demanda

Não há como negar que essa é a relação mais icônica que o capitalismo já proferiu e também a grande responsável pelos ganhos de eficiência e evolução saudável que o mundo já viu.

Publicidade
Publicidade

Quando há escassez de um produto, o preço desse bem ou serviço sobe. E o contrário também é verdadeiro.

Quando não há demanda, o preço cai, e vice-versa.

Mas oferta e demanda do quê, exatamente?

O dinheiro também tem seu perfil de oferta e demanda de mercado e é exatamente isso que causa os principais desbalanceamentos de ordem inflacionária.

Se a economia cresce em conjunto com a oferta de moeda, ok. Mas se não houver sincronismo, o caldo entorna.

Quem emite a moeda? Os governos centrais dos países.

Portanto, são os reguladores da oferta. Se ninguém quer o dinheiro emitido por aquele país e a oferta deste “bem” sobe, é natural que seu valor diminua. E essa é a real inflação que ninguém enxerga.

Mais dinheiro na praça, menos demanda por dinheiro. Simples assim.

Os economistas dizem que um dos indicadores da oferta de moeda na praça é exprimido por um agregado monetário chamado de M2. Então, quanto maior o M2, mais dinheiro na praça.

E na imagem abaixo, você percebe claramente que ocorreu nos Estados Unidos uma enxurrada de dinheiro no mercado em face dos problemas advindos da crise do Covid-19.

  1. Agregado Monetário M2 (US$ bilhões)

agregado-monetario-nos-eua-m2
Fonte: TrandingEconomics.com 

Em julho de 2022, o M2 estava em astronômicos US$ 21,7 trilhões, enquanto em 2018 o M2 era menor que R$ 14 trilhões.

E esse despejo de dinheiro foi necessário, com toda razão de ser. Meios de produção foram paralisados e a renda da população caiu absurdamente.

Logo, os governos usaram de suas ferramentas para prover o mercado com dinheiro farto e abundante.

Mas um dia a conta chega. E chegou bem rápido.

Uma inflação rondando a casa dos 8-9% não era vista nos EUA desde 1981, quando o CPI, índice de inflação ao consumidor, subiu 8,92%. Ou seja, mais de 40 anos se passaram desde a última explosão de preços e muitos dos norte-americanos nem eram ainda nascidos.

A boa notícia, se é que podemos tratar dessa maneira, é que a lição de casa está sendo feita. De forma lenta mas sendo feita.

FED está aumentando juros para a casa de 4-4,5% anuais não é mais ficção e lentamente a economia desacelera e o M2 cai.

Note abaixo que o M2 já está caindo desde meados de janeiro/22.

  1. Agregado Monetário M2 (US$ bilhões)
Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente

Fonte: TrandingEconomics.com

Enfim, é só o começo para domar a inflação.

Mas antes tarde começar, do que não começar.

Por Luiz Cesta, sócio e analista da Monett