O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10 julho) intensificou sua tendência de queda ao registrar recuo de 1,65%, superando a retração de 0,97% observada em junho. Esse movimento derruba ainda mais o acumulado do ano, que agora marca -1,42%, mesmo com uma alta de 3,42% em 12 meses. Em julho de 2024, o índice havia subido 0,45%, mostrando que o cenário atual representa uma inversão significativa na dinâmica dos preços.
A desaceleração foi generalizada. Todos os componentes do IGP-10 — o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) — registraram variações que colaboraram com a queda geral.
IPA sofre queda de 2,42% puxado por matérias-primas e alimentos
O IPA, que tem o maior peso no IGP-10, recuou 2,42% em julho, acentuando a deflação de junho (-1,54%). O impacto mais relevante veio das Matérias-Primas Brutas, cuja queda passou de -2,98% para -4,21%. O café em grão foi um dos destaques negativos, evidenciando como produtos agrícolas influenciam diretamente a formação dos preços.
Também houve recuo nos preços dos Bens Finais e Intermediários. O grupo de Bens Finais caiu 0,90% e os Bens Intermediários, 1,29%. Mesmo os índices “ex” — que excluem alimentos in natura e combustíveis — apresentaram quedas, refletindo uma retração mais estrutural nos preços da cadeia produtiva.
IPC desacelera com queda da gasolina
O Índice de Preços ao Consumidor teve leve alta de 0,13%, mas desacelerou em relação a junho (0,28%). Seis das oito categorias analisadas recuaram, com destaque para Transportes, influenciado diretamente pela queda no preço da gasolina após novo reajuste da Petrobras. Habitação, Saúde, Alimentação, Vestuário e Comunicação também contribuíram para o freio no avanço dos preços ao consumidor.
Por outro lado, Educação, Leitura e Recreação registraram aceleração, saltando de -0,08% para 0,88%, mas esse movimento não foi suficiente para inverter a tendência geral de desaceleração.
INCC sobe menos, e mão de obra perde força como motor de alta
O INCC apresentou alta de 0,57% em julho, abaixo da taxa de 0,87% de junho. O freio veio principalmente do grupo Mão de Obra, cuja variação caiu de 2,38% para 0,94%, sinalizando uma menor frequência de reajustes salariais no setor da construção. Já os grupos Materiais e Equipamentos (de -0,28% para 0,21%) e Serviços (de 0,49% para 1,21%) mostraram movimentações mistas.
Queda ampla e coordenada reforça leitura deflacionária do IGP-10 julho
Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, a queda do IGP-10 em julho foi amplificada pelo recuo coordenado dos seus três componentes. Isso sugere uma reversão robusta das pressões inflacionárias observadas anteriormente — cenário que pode influenciar decisões de política monetária e expectativas do mercado para os próximos meses.
O IGP-10 julho confirma que o ciclo de descompressão de preços está em curso, com efeitos perceptíveis tanto na produção quanto no consumo e na construção civil.
Leia também: