Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Governo pede exclusão de alimentos e Embraer do tarifaço

Governo pede exclusão de alimentos e Embraer do tarifaço

O governo brasileiro intensificou as articulações diplomáticas para tentar excluir alimentos e aeronaves da Embraer do tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump. A medida, que entra em vigor no próximo dia 1º de agosto, afeta diretamente setores considerados estratégicos para a economia nacional.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, lidera as negociações com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O principal argumento é que alguns desses produtos, como os aviões da Embraer, utilizam componentes fabricados nos próprios Estados Unidos, o que demonstra interdependência comercial entre os dois países.

Exportações em risco: alimentos e Embraer na mira

Produtos como suco de laranja, café e aeronaves estão entre os mais ameaçados. O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, com 42% da produção destinada ao mercado norte-americano. O impacto de uma tarifa de 50% nesse setor poderia desestruturar uma cadeia produtiva que emprega milhares de brasileiros.

No setor cafeeiro, os EUA adquiriram 2,87 milhões de sacas brasileiras apenas entre janeiro e maio deste ano, o que equivale a 17,1% do total exportado, segundo dados do Cecafé. Já a Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, depende de insumos norte-americanos, o que reforça a tese de que a tarifa prejudica tanto o Brasil quanto os EUA.

Negociações travadas e tensão crescente

Apesar das tentativas de diálogo, as negociações seguem emperradas. O próprio presidente Lula afirmou que Alckmin “todo dia liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, expressando a frustração com a falta de avanços. O governo brasileiro insiste que não aceitará imposições de cunho político, como mexer no processo judicial de Jair Bolsonaro ou alterar regras sobre plataformas digitais.

Uma comitiva de oito senadores, liderada por Jaques Wagner (PT-BA), está em Washington tentando sensibilizar autoridades e empresários americanos. Até o momento, porém, os resultados são escassos. Em declaração recente, Lutnick afirmou que a entrada em vigor das tarifas não será adiada, aumentando a pressão sobre o governo brasileiro.

Minerais críticos entram na mesa de negociação

Enquanto luta contra o tarifaço, o Brasil também enfrenta o interesse dos EUA em minerais críticos como lítio, níobio e terras raras, fundamentais para tecnologias de ponta, energia renovável e defesa. Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana, confirmou esse interesse em reunião com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

O presidente Lula respondeu publicamente: “essas riquezas pertencem ao povo brasileiro”. O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de terras raras e é líder global na produção de níobio. Especialistas apontam que esses recursos podem ser usados como moeda de troca, mas alertam para a necessidade de uma estratégia que garanta a agregação de valor no país.

Plano de contingência pronto

Para lidar com os impactos do tarifaço, o governo já elaborou um plano de contingência. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta inclui a criação de um fundo privado temporário para facilitar o acesso a crédito pelos setores afetados e medidas para preservar empregos.

A proposta também contempla a possibilidade de acionar instrumentos jurídicos da Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a legalidade das tarifas. Embora o foco principal ainda seja evitar a aplicação das medidas, o governo quer estar preparado para proteger a economia nacional.

Leia também: