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“É uma loucura” não rever meta da inflação, diz Rogério Xavier

“É uma loucura” não rever meta da inflação, diz Rogério Xavier

Na abertura do último dia do CEO Conference, Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, André Jakurski, sócio-fundador da JGP, e Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital falaram sobre a conjuntura econômica no Brasil e no mundo.

Tema de destaque, os gestores foram enfáticos em afirmar que a meta de inflação atual é irreal e o custo de mantê-la será alto para o país.

Rogério Xavier foi contundente nas críticas aos juros altos e classificou como “uma loucura” a não revisão das metas de inflação. 

Segundo ele, as metas acertadas há dois anos foram feitas em um cenário que não se confirmou e que, portanto, precisam ser revistas. 

“O cenário econômico que tínhamos em 2020 não se materializou. A meta de inflação setada há dois anos está errada, por que não pode mudar, uma vez que o próprio modelo prevê isso? Não faz sentido perseguir uma meta de 3% e juro real de 8”, comentou.

Imagem palestra gestores no CEO Conference

Para ele, as metas estão muito ambiciosas e o custo financeiro, político e social de carregá-las é imenso. “É falta de bom senso não discutir as metas de inflação”, afirma.

Luis Stuhlberger diz concordar integralmente com a posição de Xavier. “Buscar uma meta irrealista não é uma coisa boa para o Brasil”, aponta. 

O gestor da Verde Asset disse ainda que o Brasil teve involução nos dois últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, tendo em vistas o ambiente eleitoral à frente. 

“Reduzir impostos é fácil, mas voltar é difícil. Precisamos de presidentes e estadistas que pensem no Brasil no longo prazo. O estrago de políticas erradas no longo prazo é muito grande”, destacou.

Ambos os gestores apontaram para a necessidade de ter um arcabouço fiscal crível. 

Taxa de juros global: pressões inflacionárias serão persistentes

Para Luis Stuhlberger, a inflação nos EUA será mais persistente e o que está precificado na curva de 5 anos, entre 2,55% ou 2,60%, segundo ele, parece estar no sentido errado.

De acordo com o gestor, o mundo vive um momento em que as discussões sobre taxa de juros e inflação são extremamente relevantes, mas que precisam considerar um novo contexto estabelecido, especialmente, nos últimos três anos. 

Ele aponta que o conhecimento convencional que estabelece uma taxa de juros de equilíbrio em patamares de 2,5% nos EUA e 1,5% na Europa deve ser revisado em razão das pressões inflacionárias que se acumularam vindos de três cisnes negros consecutivos: a Covid em 2020, a alta da inflação em 2021 e a guerra Rússia, e Ucrânia em 2022.

“Esses acontecimentos deixaram marcas fortes e uma desancoragem de inflação extremamente forte o que torna muito difícil ao Fed trazer a meta de inflação de 2 ou 2,5%”, observa.

Em sua avaliação, a inflação americana deve ficar entre 3 e 4% por um longo período, com o Fed segurando a subida de juros em 5,5% para não ultrapassar o patamar já precificado pelo mercado. No caso de subida maior, a economia seria jogada em uma recessão muito forte. 

“A boa notícia que é uma má notícia é que a economia de serviços nos EUA está extremamente dinâmica e forte. Mesmo considerando que possa haver um erro de sazonalidade no Payroll de janeiro e que esse número seja revertido em fevereiro e março, vemos uma economia bastante forte, que continua gerando muito emprego”, ressalta. 

Outra questão apontada por Stuhlberger é a geopolítica, que deve gerar uma inflação industrial mais persistente e forte por muito tempo em razão de uma cadeia global que não quer mais depender da China. 

“Bancos Centrais erraram grosseiramente”, aponta Stuhlberger

O gestor da Verde Asset resume que as mudanças vividas nos últimos anos devem ter impactos duradouros, além do esperado.

“Os Bancos Centrais erraram grosseiramente. Todos os fatores levam a crer que a precificação atual de inflação e de juros está equivocada. As mudanças vão durar mais tempo do que imaginamos”, crava.

O gestor da JGP, André Jakurski, reforça o momento de incerteza global e indica fortes sinais que sustentam a iminência de uma recessão. 

“A inversão da curva de juros, a queda rápida do M2, e o aperto das condições de crédito nos EUA. Eu diria que com base nessas circunstâncias, existe uma probabilidade grande de termos, eventualmente, uma desinflação e uma desaceleração econômica mais importante”, avalia. 

Ele lembra que a interpretação da produtividade é um dos focos para identificar se o que irá vencer é uma inflação mais alta ou baixa. Contudo, o gestor adverte que esse aspecto vem sendo tratado a partir de uma ótica menos otimista.

“O que me preocupa é que ela deve continuar caindo por razões como demografia, desigualdade social, descarbonização, desglobalização e dívidas. Por isso, não vejo a compensação de um crescimento menor com uma produtividade maior”, pondera Jakurski.

Mercado de trabalho aponta mudança estrutural na economia 

Rogério Xavier, aponta que o momento é de reflexão para identificar as novas tendências na economia americana e global que os modelos vigentes podem não estar captando como esperado.

De acordo com ele, mudanças nas características do mercado de trabalho como tamanho da jornada de trabalho, que vem sendo diminuída voluntariamente, exigindo a ocupação de dois trabalhadores por vaga e o home office, que acarretaria em uma sobra de pessoal, são aspectos que estariam aumentando os custos para as empresas. 

“Pode ser que tenhamos um problema de gerações no mercado e não estamos captando essas mudanças nos nossos modelos econômicos atuais. Isso nos trará dificuldades em interpretar transformações futuras”, avalia. 

O gestor reforçou ainda que é preciso ter o que chamou de “humildade diante dos dados” para assumir que o mercado pode não estar conseguindo explicar o que está acontecendo no mercado de trabalho e com isso afetará a inflação à frente.

“O Fed não deve querer provocar uma recessão grande, deve acomodar uma inflação alta. Há pouco a fazer no mercado de trabalho”, resume.

Para ele, o erro do mercado não está na inflação e sim na velocidade dos cortes de juros precificada pelo mercado. 

“Devemos continuar com o aumento de juros, provavelmente, até o final do verão americano e depois continuar com a taxa nesse nível mais alto, porque o nível inflacionário pretendido não será atingido nos próximos dois ou três anos.

O CEO Conference foi organizado pelo banco BTG Pactual e termina nesta quarta-feira.

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