O Federal Reserve (Fed) decidiu nesta quarta-feira (27) elevar a taxa de juros da economia dos Estados Unidos em 0,75 ponto percentual, confirmando as expectativas do mercado, para o intervalo entre 2,25% a 2,50% ao ano. A decisão foi tomada de forma unânime pelo colegiado.
Esta é a quarta vez no ano que o banco central dos EUA eleva os juros.
De acordo com o relatório da autoridade monetária, o colegiado informou que está fortemente comprometido a reduzir inflação para 2% e, para isso, continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito nos Planos para Redução do Tamanho do Balanço do Federal Reserve, emitidos em maio.
A decisão abre espaço para mais altas de juros. Em nota, o Fomc informou ainda que, ao avaliar a postura da política monetária, continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas.
Segundo a nota, o colegiado estaria preparado para tomar decisões semelhantes caso perceba que possam surjir riscos que possam impedir o FED a alcançar os objetivos de reduzir o processo inflacionário no país.
“As avaliações do comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, informou trecho da nota.
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Jerome Powell diz que novas altas são consideradas apropriadas
Em entrevista coletiva após a divulgação da decisão sobre a taxa de juros, o presidente do Fed, Jerome Powell, antecipou que novas altas são consideradas apropriadas. Reconheceu que a autoridade monetária está aberta a suavizar o ritmo das altas de juros. No entanto, disse que tudo dependerá dos dados que virão, como inflação e emprego.
Powell também deixou em aberta a possibilidade de ocorrer outra alta considerada “incomum”, o que indica que a reunião de setembro poderá trazer outro aumento de 0,75. Ele disse que houve apoio maciço em elevar os juros nesse patamar por parte dos membros do Fed.
O presidente do banco central dos EUA disse ainda que as pressões inflacionárias estão altas e que por isso, podem ocorrer novos aumentos. Ele explicou que, apesar dos preços de algumas commodities terem apresentado queda, a guerra na Ucrânia tem sido preponderante para pressionar a inflação para cima. Alertou ainda que a última leitura da inflação foi considerada pior do que o projetado.
Powell chamou a atenção de que os gastos dos consumidores registraram quedas consideradas significativas e que os salários continuam crescendo no país. E voltou a dizer que o banco está focado em combater o processo inflacionário e diz que a instituição está “atuando de forma ágil”.
Ele reconheceu ainda que é esperado que a economia possa desacelerar este ano para conter a inflação.
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Fed: para BTG (BPAC11), decisão hawkish é necessária
Segundo o BTG Pactual (BPAC11) informou que o comunicado do FOMC, colegiado ligado ao Fed, registrou pouca alteração, mas manteve a decisão hawkish necessária após as surpresas com inflação (CPI).
Para o BTG, a autoridade monetária reforçou que está fortemente comprometida em entregar a meta de 2% e manteve o trecho em que reforça estar atento aos riscos inflacionários – tom hawkish, em linha com o esperado pelo banco.
“O comunicado começou reconhecendo a suavização dos gastos da família e da produção industrial (não fala em queda), mas que o mercado de trabalho segue com ganhos robustos – a coletiva é importante para ver a função de reação depois desse diagnóstico”, informou o BTG.
BTG já antevia alta
O BTG Pactual (BPAC11) divulgou no começo da semana relatório que já previa a subida de 0,75 ponto nos juros norte-americanos. O banco de investimentos não via espaço para suavizar o tom neste momento de alta inflação nos Estados Unidos.
Segundo o banco de investimentos embora reconheça acomodação da atividade econômica, entende que o combate à inflação continua como objetivo principal e não vê espaço para mudança de tom.
O BTG trabalhava com o seguinte cenário para o restante do ano – setembro:+0,5 ponto; novembro: +0,5 ponto; e dezembro: +0,25 ponto, levando a taxa para o intervalo entre 3,50% e 3,75%. Embora aposte em uma elevação de 0,5 ponto, o banco ainda vê espaço para elevação mais forte, de 0,75 ponto em setembro.
Movimento de alta já teria sido antecipado por membros do comitê
Sobre a subida forte dos juros, o BTG salientara anteriormente que esse movimento já havia sido vocalizado por diversos membros do comitê desde a última surpresa com os dados de inflação (CPI em 1,3%, ante expectativa de 1,10%).
“A possibilidade de uma elevação de 1 ponto chegou a ganhar força após tal divulgação, mas a acomodação dos dados de expectativa (Universidade de Michigan), bem como as implícitas de mercado (swap de inflação 5y5y, breakeven de 10 anos), suportam a manutenção do ritmo em 0,75 ponto”, diz trecho do relatório.
Stephan F. Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avaliou que a decisão veio sem surpresa, uma vez que o mercado já previa um aumento de 0,75 ponto. Mas salientou que, levando em conta outras declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, faz sentido pensar em uma elevação menos intensa na próxima reunião, podendo ser de 0,5 ponto.
“Faz sentido, basicamente após ele (Powell) dizer que depois de uma quantidade relevante de altas é natural que o ritmo já comece a desacelerar. Dado que a taxa de 2,5% é considerada neutra, faz sentido”, explicou.
De acordo com ele, o Fed pode optar por uma elevação de 0,5 na próxima reunião e depois mais três de 0,25 ponto. Porém, tudo dependerá da inflação daqui em diante.
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