Em entrevista ao Valor Econômico desta quinta-feira (22), Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, afirmou que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, admitiu, no comunicado após decisão de juros, que a situação econômica dos Estados Unidos pode estar ficando pior do que o inicialmente projetado.
“As projeções são de altas futuras de juros, ao mesmo tempo em que o Fed rebaixou as projeções de crescimento e elevou as de desemprego. E, mesmo assim, as projeções de inflação foram revisadas para mais longe da meta”, alerta Kautz.
Segundo ele, a escolha “ficou pior para o Fed, que vai ter que prejudicar ainda mais o crescimento e o mercado de trabalho para conseguir controlar a inflação”.
Para Kautz, a taxa de juros deve alcançar 4,6%, o que significa mais uma alta de 0,75 ponto na próxima reunião e uma de 0,5 ponto na reunião de dezembro. Uma outra alta terminal é esperada para fevereiro, de 0,25 ponto.
A taxa deve ser mantida em 4,6% até o final de 2023 pelo menos. A partir de 2024, Kautz vê a possibilidade de haver três cortes de 0,25 p.p. nos juros.

Novas projeções econômicas do Fed
“Em termos de PIB, houve uma revisão para baixo este ano, em 0,2%, e para o ano que vem, em 1,2%, revisado de 1,7%. Então, teve um downgrade importante na trajetória de crescimento da economia”, ele diz.
Isso enquanto a expectativa para a inflação foi revisada para cima. “Em termos de núcleo do PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal), a projeção para o final do ano que vem é de 3,1%, sendo que ela era de 2,7%”, analisa.
Kautz cita que os números revisados surpreenderam, uma vez que a inflação já deu sinais de que alcançou um pico. Segundo ele, com o crescimento mais baixo e mais altas de juros, o modelo do Fed deveria indicar uma estabilidade nessa projeção de núcleo do PCE. O que sinaliza uma manutenção das preocupações.

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