A partir desta quarta-feira (12), entram em vigor as novas tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos (EUA) sobre todas as importações de aço e alumínio, uma medida que deve impactar significativamente o Brasil e outros parceiros comerciais.
Após anunciar que dobraria a tarifa planejada sobre todas as importações de aço e alumínio do Canadá, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou atrás. A decisão foi revertida ainda na terça-feira (11), poucas horas após o anúncio inicial.
Trump havia declarado que aumentaria para 50% a taxa total sobre o aço e o alumínio canadenses, em resposta à decisão da província de Ontário de impor uma tarifa de 25% sobre a eletricidade exportada para os EUA.
Agora, a Casa Branca retorna à medida anteriormente prevista: a taxação de 25% sobre esses insumos importados de qualquer país, incluindo o Canadá.
A suspensão da tarifa adicional foi anunciada por Kush Desai, porta-voz da Casa Branca. No início da noite de ontem, ele afirmou que Trump “usou a força da economia americana” após o premiê de Ontário, Doug Ford, suspender a sobretaxa sobre as exportações de eletricidade da província para Michigan, Minnesota e Nova York.
Tarifas aço e alumínio: negociações de Alckmin
Apesar dos esforços do governo brasileiro para minimizar as tensões em torno do protecionismo norte-americano, as novas tarifas devem afetar as empresas brasileiras desses setores. Além disso, ainda há incerteza sobre possíveis novas taxas, visto que a administração Trump tem ameaçado com sanções adicionais, com o etanol sendo especificamente mencionado em um comunicado da Casa Branca.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou estar em busca um acordo vantajoso para ambas as partes nas negociações com os EUA. No entanto, nenhum adiamento da medida foi anunciado.
Tarifas aço e alumínio: “America First”
Assim como ocorreu durante a primeira gestão de Donald Trump (2017-2020), a doutrina “America First” continua a influenciar a política comercial americana, refletindo as reclamações do setor produtivo dos EUA sobre subsídios em diversos países que, segundo eles, prejudicam a manufatura e os empregos americanos.
Dessa vez, o governo busca uma reciprocidade tarifária, argumentando que há mais barreiras para produtos americanos no exterior do que as impostas sobre as importações nos EUA. A estratégia também visa conter a influência da China no comércio global e enfraquecer os BRICs, especialmente devido à proposta do bloco de criar uma moeda alternativa ao dólar nas relações comerciais.
Tarifas aço e alumínio: o Brasil cobra tarifas excessivas?
A tarifa média de importação do Brasil é de 12,4%, enquanto nos países desenvolvidos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a média é de 4%. Nos EUA, essa tarifa é ainda menor, em torno de 2,5%.
Contudo, a tarifa brasileira efetivamente aplicada pode ser bem inferior devido a regimes aduaneiros especiais, como drawback e ex-tarifário, chegando a apenas 2,7%, segundo dados da CNI e da Amcham Brasil. Além disso, cerca de 48% das exportações dos EUA para o Brasil são isentas de tarifas, e outros 15% possuem tarifas inferiores a 2%.
No entanto, há exceções. Um exemplo citado por Trump é o do etanol, que nos EUA tem tarifa de 2,5%, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18%.
Nos últimos cinco anos, os EUA tiveram um superávit comercial médio de US$ 6 bilhões com o Brasil no setor de aço. Em 2024, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas de placas de aço para suprir sua demanda interna, sendo 3,4 milhões de toneladas vindas do Brasil.
A dependência dos EUA do alumínio brasileiro é menor em comparação ao aço, já que o Canadá é o principal fornecedor. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o Brasil responde por menos de 1% das importações americanas de produtos de alumínio, mas os EUA são um parceiro estratégico, correspondendo a 16,8% das exportações brasileiras do metal em 2024, movimentando US$ 267 milhões. Em termos de volume, os EUA receberam 13,5% do total de exportações brasileiras de produtos de alumínio (72,4 mil toneladas), sendo que 76% desse volume foram chapas e folhas de alumínio.
Comércio entre Brasil e EUA
Os EUA perderam o posto de maior parceiro comercial do Brasil para a China em 2009, mas continuam liderando as compras de produtos brasileiros de maior valor agregado. Em 2023, os EUA importaram US$ 29,9 bilhões em bens industrializados do Brasil, superando a União Europeia e o Mercosul. Além disso, são os principais compradores de produtos brasileiros de alta tecnologia, como aeronaves e medicamentos, respondendo por 47,7% dessas exportações entre 2001 e 2023.
Em termos de superávit comercial, os EUA acumularam um saldo positivo de US$ 263,1 bilhões em bens e serviços com o Brasil entre 2014 e 2023. Em 2024, esse superávit foi de US$ 7,3 bilhões.
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