Economistas consultados pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal veem um risco cada vez maior de recessão na economia dos Estados Unidos, e esperam que o Fed (banco central do país) consiga controlar a inflação de forma consistente, mas sem que o impacto seja forte demais.
A inflação norte-americana foi de 0,8% em fevereiro e acumulou alta de 7,9% nos últimos 12 meses, o maior valor nos últimos 40 anos. Como resposta, o Fed elevou a taxa referencial de juros em 0,25 ponto percentual, para 0,5% ao ano, e sinalizou seis novas altas até o fim do ano, o ritmo mais agressivo de altas em mais de 15 anos.
A pesquisa do jornal especializado em economia foi feita com 65 profissionais dos setores acadêmico, empresarial e financeiro, entre 1º e 5 de abril, embora nem todos tenham respondido a todas as perguntas.
Risco de recessão mais temido
Os economistas consultados pelo “The Wall Street Journal” neste mês calcularam, em média, uma probabilidade de 28% de recessão nos EUA nos próximos 12 meses, acima dos 18% na pesquisa realizada em janeiro e dos apenas 13% na de um ano atrás, por causa dos choques promovidos pelo Fed.
É uma reversão do cenário de estímulo à economia visto nos últimos dois anos, por causa da pandemia de covid-19. Com o levantamento da maioria das restrições e o retorno a uma espécie de normalidade pré-pandemia, os economistas consultados temem que o novo movimento do Fed se torne um remédio amargo demais.
Cerca de 84% dos economistas acreditam que o Fed elevará a taxa em 0,5 ponto percentual no início de maio. Mais de 57% preveem duas ou mais altas desse tamanho até o fim de 2022. A projeção mediana é de uma taxa em torno de 2,125% no fim de 2022 e de 2,875% em dezembro de 2023.
Inflação em alta, crescimento em baixa
Os economistas, contudo, acham que o processo de reversão da inflação não será imediato. O acumulado de 12 meses ficará em torno de 7,5% em junho e no mínimo 5,5% em dezembro deste ano, de acordo com as projeções. A meta do Fed é de 2% ao ano.
Já a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi revista para baixo, por causa das ações restritivas do Fed. Na média, preveem alta de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, um ponto percentual a menos do que previam há seis meses.
Os economistas veem a inflação como principal risco à economia dos Estados Unidos, uma vez que ela corrói o poder de compra, reduz a confiança do consumidor e pressiona o Fed a apertar ainda mais a política monetária. Entre os fatores de risco para a inflação são apontados:
- preços dos alimentos, gás e outras commodities (35%)
- invasão da Rússia à Ucrânia, que pressiona os fatores acima (15%)
- aumentos nos salários e aquecimento do mercado de trabalho, carente de mão de obra (27%).
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