O cenário global é de alta de juros, inflação recorde e risco de recessão pairando no ar, mas ainda há relevantes questões geopolíticas em andamento, como Rússia x Ucrânia, China x Taiwan e EUA x China. Neste contexto, como o investidor pode usar a geopolítica para proteger seu patrimônio?
O especialista em relações internacionais Oliver Stuenkel e o head da EQI Research Luis Moran debatem o assunto em um bate-papo que você não pode perder!
Assista agora mesmo!
Além de Rússia x Ucrânia, agora China x Taiwan
Rússia e Ucrânia seguem em conflito desde fevereiro deste ano, em uma disputa que se arrasta sem projeção de desfecho.
Mas outro tema roubou a atenção recentemente: uma possível invasão de Taiwan pela China, com os Estados Unidos como coadjuvante.
Entenda o que aconteceu.
Visita de Nancy Pelosi acende alerta
A deputada democrata americana Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, fez uma visita surpresa a Taiwan.
A “cortesia” foi interpretada como uma provocação pela China, que há ano busca reintegrar a ilha a seu governo.
Como resposta, Pequim promoveu uma série de manobras militares próximas à ilha, o que levantou suspeitas de que uma invasão estaria em curso.
“A relação entre China e Estados Unidos não é mais a mesma”, aponta Oliver Stuenkel, especialista em relações internacionais.
“A China aproveitou-se dessa visita, que não foi vinculada à Casa Branca, ou seja, foi uma decisão da própria Nancy Pelosi, desvinculada do presidente Joe Biden, para avançar em um tema prioritário para Xi Jinping, presidente da China: o de não passar o problema de Taiwan para as próximas gerações. Ele quer entrar para a história como o líder que reintegrou Taiwan”, afirma.
Stuenkel afirma que não enxerga a possibilidade de um conflito armado em futuro próximo. Mas vê uma piora significativa na relação entre Pequim e Washington a partir daqui.
“Desde o pós-guerra, a ideia do mundo ocidental sempre foi integrar a China e a Rússia em um sistema democrático e globalizado. Mas desde o governo Obama já se tem a percepção de que a estratégia não gerou os resultados esperados”, diz.
“O que vejo é um downgrade nas relações, especialmente na cooperação militar entre as potências, e essa piora nas relações precisa estar no radar das empresas, dos fundos e dos investidores”, avalia.
O especialista afirma que vê, na China, uma insegurança constante em relação a um possível desfecho militar para as questões políticas e econômicas com os EUA.
O governo, ele diz, estabeleceu com a população uma espécie de “acordo” de direitos econômicos em troca de direitos políticos e mantém um discurso nacionalista exacerbado, até mesmo para justificar suas dificuldades em momento complexo do cenário macroeconômico.
“Claramente, existe um preparo para um confronto armado e para um crescimento econômico menor. E sempre apontando como causa para o baixo crescimento as tentativas americanas de conter o desenvolvimento chinês”, afirma.
Entenda a disputa por Taiwan
Taiwan é uma ilha de 23 milhões de pessoas reivindicada pela China.
A ilha é um estado independente e democrático, mas já foi ocupada pelo Japão até a Segunda Guerra Mundial. Depois, a ilha voltou a pertencer à China que, no entanto, não controla o território.
O interesse tanto da China quanto dos EUA com Taiwan se justifica: é lá que os microchips são feitos e onde está a nanotecnologia mais avançada do planeta.