No ano passado, a participação do capital estrangeiro em M&A no Brasil (fusões e aquisições) atingiu o seu maior percentual em pelo menos sete anos. Em 2023, transações “cross border” (com compradores estrangeiros) representaram 50,1% das 371 operações registradas, conforme levantamento da Seneca Evercore para o Valor.
Na segunda metade do ano, essa parcela subiu para 54,5%, o maior índice semestral desde 2016, em um total de 156 operações. Desde 2014, houve 5.061 transações de M&A no Brasil, com 47% delas envolvendo compradores estrangeiros.
Melhora na percepção de risco do Brasil
Segundo banqueiros de investimento, a crescente participação de compradores estrangeiros reflete uma melhora na percepção de risco do Brasil, especialmente em comparação com outros mercados emergentes. Isso também tem resultado em um aumento no número de mandatos nas primeiras semanas deste ano.
A tendência se mantém para este ano, ainda que também se espere que os compradores brasileiros mostrem mais força, impulsionados por um mercado de capitais mais funcional e pela retomada das ofertas iniciais de ações (IPOs).
Crescimento de participação de estrangeiros em M&A no Brasil
A crescente participação de estrangeiros em M&A no Brasil é resultado da melhoria da percepção de risco no país ao longo do último ano. Isso, aliado ao baixo desemprego, inflação controlada, redução das taxas de juros brasileiras e tendência de queda nos EUA, impulsionou o mercado, com o Ibovespa alcançando recordes.
Além disso, na análise financeira, a mesma tendência é observada. Dos US$ 37,9 bilhões movimentados, US$ 17,8 bilhões foram de operações cross border, representando cerca de 47%, a maior fatia em anos. Grandes operações, como a venda de participação de unidade de metais básicos da Vale, da AESOP e da The Body Shop, as duas últimas feitas pela Natura, contribuíram significativamente para esse cenário.
Nos três casos, as operações estavam majoritariamente fora do Brasil, mas são incluídas no volume de M&A local por envolverem empresas nacionais. Outro sinal positivo é a atitude proativa que investidores de fora têm mostrado na busca por ativos no país.
Saiba mais: M&A: tudo sobre fusões e aquisições
A participação de investidores estrangeiros em 2023 fica ainda mais clara ao observar transações superiores a US$ 100 milhões. Nesse segmento, 70% do total corresponde a transações “cross border”.
O mercado de capitais está mais dinâmico este ano, não apenas no mercado de ações, mas também o de dívida local e internacional. O começo da redução dos juros, a estabilidade do câmbio e um cenário político mais calmo estão criando condições para que os investidores considerem o país de forma mais séria, resultando na crescente participação de estrangeiros em M&A no Brasil.
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