Os brasileiros precisaram trabalhar até esta quinta-feira (29) apenas para pagar impostos. Ao todo, foram necessários 149 dias — quase cinco meses — dedicados exclusivamente ao pagamento de tributos em 2025, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O número representa um aumento de um dia em relação ao ano anterior.
De acordo com o IBPT, o acréscimo se deve a uma série de medidas que elevaram a carga tributária no país. Entre elas, estão a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, em vigor desde o início do ano, e o aumento do ICMS promovido por diversos estados a partir de 1º de abril. Também contribuíram para o cenário a nova tributação sobre importações de pequeno valor, como compras feitas em plataformas internacionais.
Mesmo com o aumento da carga tributária, o Brasil segue na última colocação do Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES), também elaborado pelo IBPT. O indicador compara quanto os governos arrecadam com tributos e quanto efetivamente investem em áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura e segurança pública.
Brasileiros trabalham 149 dias para pagar impostos: país é 14º no ranking global
Apesar disso, o Brasil ocupa apenas a 14ª posição no ranking global de tempo necessário para pagar tributos, indicando que outros países exigem ainda mais dias de trabalho para a mesma finalidade — embora, em geral, ofereçam melhores retornos à população.
O recorde brasileiro de tempo gasto com impostos ocorreu entre 2017 e 2019, quando os contribuintes precisaram trabalhar 153 dias — o equivalente a cinco meses e dois dias.
Segundo o painel do Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), os brasileiros já desembolsaram R$ 500 bilhões em tributos apenas nos primeiros 40 dias de 2025. O valor representa uma alta de 8,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a arrecadação totalizava R$ 461,6 bilhões.
Para o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, o crescimento da arrecadação está diretamente ligado ao aquecimento da economia e ao avanço da inflação. “Como o sistema tributário brasileiro é fortemente baseado em impostos sobre o consumo, qualquer alta nos preços tem impacto direto na arrecadação”, explica.