O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter suas principais taxas de juros inalteradas nesta quinta-feira (24), após realizar oito cortes desde o ano passado. A taxa de depósito foi mantida em 2%, a de refinanciamento em 2,15% e a de empréstimo em 2,40%, conforme amplamente esperado pelos analistas do mercado.
Banco Central Europeu: juros reduzidos pela metade
A pausa no ciclo de cortes ocorre em um momento de expectativa global, com negociações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos em estágio avançado. Após reduzir os juros pela metade — de 4% há um ano para os atuais 2% — como resposta ao controle da inflação pós-Covid e aos impactos da guerra na Ucrânia, o BCE avalia que o atual nível das taxas é apropriado para o momento.
Com a inflação agora próxima da meta de 2% e perspectivas de que ela permaneça estável, os dirigentes optaram pela cautela. O BCE destacou em comunicado que, apesar do cenário internacional desafiador, a economia da zona do euro tem demonstrado resiliência.
“Refletindo, em parte, os cortes anteriores, a economia tem mostrado força num ambiente global complexo. Ainda assim, a incerteza permanece elevada, especialmente devido às tensões comerciais”, afirmou a instituição.
Acordo com EUA está próximo
Enquanto os membros do BCE se reuniam, diplomatas europeus informaram que as conversas com o governo de Donald Trump estão próximas de um acordo que poderia resultar na imposição de uma tarifa de 15% sobre produtos europeus importados pelos EUA. Esse percentual fica entre os cenários previstos pelo BCE — menos severo do que a tarifa de 30% inicialmente cogitada, mas ainda acima da projeção básica de 10%.
Segundo estimativas do próprio banco central, tarifas mais altas podem desacelerar o crescimento e, dependendo da resposta da União Europeia, elevar a inflação no médio prazo. No entanto, um desfecho mais brando nas negociações poderia impulsionar a economia a partir do quarto trimestre.
O BCE reiterou que continuará avaliando os próximos passos com base na evolução da inflação e nos riscos associados, adotando uma abordagem de decisão “reunião por reunião”.
Apesar da pausa, o mercado financeiro ainda aposta em uma possível redução adicional das taxas até março de 2026, diante da possibilidade de a inflação recuar abaixo da meta.