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Ata do Fomc sinaliza nova alta de juros nos EUA até o fim do ano

Ata do Fomc sinaliza nova alta de juros nos EUA até o fim do ano

O cenário de juros altos deve se estender por mais tempo nos EUA, inclusive com uma nova alta de 0,25 pontos percentuais até o fim do ano, para atrair mais rapidamente a inflação ao patamar desejado de 2% ao ano. Esse é o cenário exposto pela ata do Fomc, comitê de política monetária do Fed, banco central norte-americano, divulgada na tarde desta quarta-feira (11).

Na reunião de 20 de setembro, o Fomc decidiu manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, mas deixou sinais de que o aperto monetário poderia se estender e ser mais intenso. O aviso ficou explícito no texto da ata, embora a sensação não seja unânime entre os membros do comitê.

“Ao discutirem as perspectivas políticas, os participantes continuaram a considerar que era fundamental que a orientação da política monetária se mantivesse suficientemente restritiva para devolver a inflação a meta de 2%. A maioria dos participantes considerou que seria provavelmente apropriado mais um aumento na taxa alvo numa reunião futura, enquanto alguns consideraram provável que não se justificassem mais aumentos”, diz a ata do Fomc.

O texto, porém, prossegue dizendo que todos concordar com a importância de agir com cautela e de basear as decisões de política monetária nos dados recebidos sobre inflação, mercado de trabalho e atividade econômico, projetando a perspectiva desses dados e os possíveis riscos das decisões, 

“Os participantes esperavam que os dados dos próximos meses ajudariam a esclarecer até que ponto o processo de queda da inflação continuava e os mercados de trabalho estavam a atingir um melhor equilíbrio entre a procura e a oferta. Esta informação seria valiosa para determinar até que ponto o reforço adicional da política poderia ser apropriado para fazer a inflação descer à meta. Alguns participantes também enfatizaram a importância de continuar a comunicar claramente ao público sobre a abordagem política do comité, dependente de dados, e o seu firme compromisso de reduzir a inflação para 2% ao ano”, reitera o texto.

Ata do Fomc: preocupações dos participantes

Ao considerar que a taxa de juros está em seu pico ou perto dele, alguns membros do Fomc relataram que consideram importante que o foco das comunicações do Frd deve deixar de ser sobre o número em si e passar a ser por quanto tempo o cenário de aperto monetário deve se manter.

“Alguns participantes observaram que seria importante monitorar a taxa real dos fundos federais para avaliar a orientação da política monetária ao longo do tempo. A maioria dos participantes observou que as comunicações ajudariam a esclarecer ao público como os participantes avaliaram a evolução provável da orientação da política monetária”, diz o texto.

A ata do Fomc, porém, deixa claro que os próprios diretores do Fed se mostram surpresos com a persistência da alta na atividade econômica e do fortalecimento do mercado de trabalho, mesmo com juros mais altos que, no início do processo de aperto, foram vistos como potenciais causadores de uma recessão.

“A grande maioria dos participantes continuou a considerar a trajetória futura da economia como altamente incerta. Os participantes discutiram diversas considerações de gestão de risco que poderiam influenciar futuras decisões políticas e consideram geralmente que, com a orientação restritiva da política monetária, os riscos para a consecução das metas do Comité tornaram-se mais bilaterais. Mas com a inflação ainda bem acima da meta de longo prazo e o mercado de trabalho permanecendo restritivo, a maioria dos participantes continuou a ver riscos ascendentes para a inflação”, apontou o texto.

Fatores externos também foram levados em consideração pelos diretores, como as greves de metalúrgicos no estado de Michigan e a lenta retomada do crescimento global. 

“Os participantes geralmente notaram que era importante equilibrar o risco de aperto excessivo com o risco de aperto insuficiente, o efeito das greves sindicais, o abrandamento do crescimento global e a fraqueza contínua do setor comercial”, relatou o texto da ata do Fomc. A próxima reunião do comitê será em 31 de outubro e 1º de novembro, data em que sai o anúncio sobre nova alta ou não do intervalo de juros.

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, considera que o texto da ata do Fomc, embora duro, ficou “um pouco datado”, não apenas por causa da divulgação de novos dados de inflação e mercado de trabalho, desde a reunião, mas também pelo cenário de guerra no Oriente Médio, com os ataques entre Israel e o Hamas.

“É um texto hawkish, que mostra uma postura de preocupação com a queda da inflação num ritmo mais lento do que o esperado, e que sinaliza, como no comunicado, que pode haver mais uma alta porque há uma preocupação muito grande com números como o núcleo da inflação de serviços, e com a dificuldade de fazer a inflação se aproximar da meta de 2% na taxa anualizada”, diz o economista.

Ele diz que a EQI Asset mantém a projeção de mais uma alta em uma das duas reuniões restantes no ano e com três quedas em 2024, provavelmente a partir do segundo semestre, sempre de 0,25 p.p., de forma a fechar o próximo ano com a taxa máxima em 5%, mas que mudanças não estão descartadas.“A guerra no Oriente Médio trouxe um fato novo que pode mexer com as visões dos diretores. Nossa impressão é que os próximos números sobre inflação e atividade econômica serão bem mais importantes e levados em conta na hora de tomar a decisão sobre os juros”, conclui Kautz.

Ouça o comentário completo abaixo.