Logo nos primeiros dias da crise do coronavírus no Brasil, quando a bolsa estava prestes a chegar no fundo do poço, alguns fundos imobiliários começaram a suspender o pagamento de dividendos. A medida foi adotada para proteger o caixa dos FIIs diante do fechamento da economia.
Os investidores deixariam de ter uma das grandes vantagens desse tipo de investimento: a renda passiva que os cotistas do fundo recebem de forma recorrente.
Os FIIs são obrigados a distribuir 95% do seu lucro líquido semestral aos cotistas, a casa seis meses. Mas muitos distribuem mensalmente. Se não houver lucro, não há dividendos.
Embora o setor esteja ensaiando uma retomada, nem todos os fundos voltaram a atingir o nível do dividend yield pré-pandemia.
Fundos de shopping ainda não retomaram seus dividendos
Segundo Caio Ventura, analista de fundos imobiliários da Guide Investimentos, por mais notável que seja a recuperação dos fundos de shoppings, o dividend yield médio do setor continua razoavelmente abaixo dos demais segmentos.
Isso porque esse foi o setor mais impactado pelas medidas restritivas e pelo distanciamento social ao decorrer da pandemia. Os proprietários desses imóveis tiveram que fazer negociações com os lojistas para que eles não precisassem devolver os pontos. Muitos tiveram que dar 6 meses ou mais de carência para os aluguéis e, com isso, a renda caiu.
Dessa forma, os dividendos de FIIs de shopping foram reduzidos ou até mesmo cessados. Hoje, eles encontram dificuldade em recompor a renda, afinal, mesmo com a reabertura, as vendas caíram em relação ao nível pré-pandemia, já muitas pessoas ainda estão evitando ao máximo ir a locais que possam ter aglomeração e o mercado ainda teme uma segunda onda duradoura.
Além disso, as vendas no e-commerce cresceram. Muita gente comprou pela internet pela primeira vez durante a quarentena e gostou da experiência. Assim, as idas aos shoppings centers diminuíram ainda mais.
Os 10 fundos com menor dividend yield em 2020

FIIs com pior dividend yield em 2020. Fonte: Guide Investimentos
Dos 10 FIIs que pagaram menos dividendos este ano, 5 são fundos de shoppings. São eles XPML11, FVPQ11, HGBS11, VISC11 e MALL11.
Alguns fundos de lajes corporativas também se saíram mal. Afinal de contas, muitas empresas devolveram seus escritórios e adotaram o home office. Isso fez com que a renda desses fundos caísse drasticamente. Segundo Elias Wiggers, assessor de investimentos da EQI, ainda não se tem muita previsão de retomada para esse segmento, já que a tendência é que muitas empresas mantenham o modelo home office, ou híbrido, mesmo depois da pandemia.
O fundo que teve o pior dividend yield desde o início de 2020 foi o HTMX11, de hotéis. A rede hoteleira também sofreu com o fechamento de fronteiras e as medidas de distanciamento, principalmente no começo da pandemia.
Expectativa para dividendos de FIIs de shoppings em 2021
Para Elias Wiggers, assessor de investimentos da EQI, em 2021, os fundos de shoppings devem acelerar o movimento de recuperação que já começou. Assim, gradualmente, retomarão dividendos a patamares mais próximos ao que vimos em 2019.
“Olhando para os outros setores, ainda há espaço para crescimento, o Dividend Yield do IFIX continua razoavelmente abaixo do que vimos em 2019”, comenta o especialista.
Mesmo com o crescimento do e-commerce, a cultura de shopping é muito forte no Brasil. Tanto que, mesmo com a pandemia, vemos os shoppings lotados. As pessoas não vão só para comprar, mas também para passear, comer, encontrar amigos e ir ao cinema.
Por isso, a tendência é que o setor volte a crescer, mas, é preciso ter paciência para aguardar essa recuperação. Por isso, comprar cotas de fundos de shopping neste momento é um investimento recomendado para quem tem metas de longo prazo.
A indicação do assessor é, portanto, olhar para setores estratégicos e, como sempre, recomenda-se fazer uma carteira diversificada.”Colocando shoppings, hospitais, galpões logísticos, fundos de papéis, fundos de fundos, hotéis (que devem voltar a se recuperar agora pós vacina), é possível conseguir bons ganhos no longo prazo”, comentou.
O único setor de fundos imobiliários que Wiggers reforçou que deve ser evitado ainda, são os de lajes corporativas. “No meu entendimento, eles ainda têm uma rampa de crescimento mais longa. Afinal, tem muitas empresas que devolveram escritórios, testaram o home office em 2020 e tendem a seguir assim em 2021”, finalizou.
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