25 Mai 2022 às 10:20 · Última atualização: 24 Jun 2022 · 10 min leitura
25 Mai 2022 às 10:20 · 10 min leitura
Última atualização: 24 Jun 2022
Reprodução/Pixabay
O COE, afinal, é bom ou é ruim? Polêmico, este veículo de investimento divide opiniões há tempos, especialmente nas redes sociais. Conversamos com Valter Manfro, assessor e sócio da EQI Investimentos, para desmistificar o COE. Acompanhe.
No mercado financeiro há um tripé que diz que o investidor deve sempre escolher duas das três opções disponíveis em cada tipo de investimento:
Não tem jeito: uma dessas opções será sempre deixada de lado.
Pois bem, ao investir em COE – Certificado de Operações Estruturadas, o investidor faz a sua escolha pelo que há de melhor na renda variável combinado com o que há de melhor na renda fixa: rentabilidade e segurança, respectivamente.
Mas, para tanto, é bom que se já se diga, logo de cara: é preciso abrir mão da liquidez.
Então, resumidamente é isso: se você quiser investir com segurança e obtendo um bom retorno – porém, investindo no longo prazo -, o COE é, sim, para você.
Mas vamos falar mais detalhadamente sobre ele e como investir corretamente a seguir. Confira.
O COE (Certificado de Operações Estruturadas) é um título emitido por uma instituição financeira com estratégias em derivativos.
Nessa modalidade, é possível combinar aplicações de renda fixa e renda variável, nacionais e internacionais, mas reduzindo os riscos para que o investidor tenha proteção.
O COE tem a vantagem de poder misturar, em sua estrutura, vantagens tanto da renda fixa quanto da renda variável, como dissemos.
Este veículo de investimento é muito utilizado nos Estados Unidos e na Europa, recebendo o nome de notas estruturadas. Isso porque, por lá, as taxas de juros são muito baixas.
“Isso significa que, se você deixar o dinheiro na renda fixa na Suíça, por exemplo, você literalmente paga para o banco, de tão baixo que são os juros. Então, qual a opção? Ou a pessoa vai para a renda variável, com os riscos inerentes, ou ela opta pelo COE, que seria um meio termo entre os dois mundos”, explica Valter Manfro.
Mas há mais razões para o COE ser um bom investimento também para o investidor brasileiro. Vamos lá…
Um ponto positivo importante, aponta Manfro, é que o COE tira a “emoção do investimento”, ou seja, evita que o investidor faça escolhas equivocadas ao buscar rentabilidade na renda variável.
“O COE protege o investimento do próprio investidor”, defende Manfro.
Outra característica é que o COE possui capital protegido. Isso quer dizer que, “tudo dando errado”, você revê, no mínimo, o montante aplicado.
Ou seja, na pior das hipóteses, o investidor do COE fica no zero a zero.
Se investir R$ 50 mil e der tudo errado, o investidor recupera os R$ 50 mil, mas tem que esperar até o vencimento do título.
No cenário atual, é possível investir em COEs que possuem além do capital protegido também retorno garantido de até 33% no período. Ou seja, você pode investir na bolsa americana, por exemplo, e se a bolsa cair no período, o investidor ganha 33% de rentabilidade. “Isso é ótimo para o investidor conservador, que deseja se expor na bolsa de valores sem correr riscos”, afirma Manfro.
Para garantir o capital protegido, o banco estrutura a operação de tal forma que a parte alocada em renda fixa garanta, no mínimo, o total investido ao final do prazo.
Manfro faz uma simulação: “De cada R$ 100 mil investidos, o banco estrutura, por exemplo, R$ 60 mil em um CDB pré-fixado com retorno de 15% ao ano. Outros 10% ficam para os custos da estrutura. E o restante vai para as chamadas ‘opções exóticas’, que garantem a alavancagem com a alta do ativo em questão”, exemplifica.
Outra atratividade do COE é a possibilidade de expor o investimento ao mercado do exterior.
Os mercados externos, explica Manfro, são mais estáveis que o brasileiro e, além disso, oferecem as melhores oportunidades.
“Aqui no Brasil acontece 2% do mercado mundial. Os outros 98% acontecem lá fora. Exposição ao exterior garante as melhores oportunidades”, diz o assessor da EQI.
Bastante comentado no mercado, o COE é, por vezes, pichado como um “mau investimento”. No entanto, o especialista da EQI Investimentos é categórico: não existe COE ruim; mas COE mal escolhido pelo investidor.
“Quem fala mal de COE fez investimento errado. Ou porque errou na questão da liquidez ou porque escolheu um produto mal estruturado. Mas qualquer perfil de investidor pode aplicar de 5% a 10% de seu capital em um bom COE que estará fazendo um bom investimento”, afirma Valter Manfro.
Em primeiro lugar, o COE vai sempre ser uma escolha ruim para quem não pode abrir mão da liquidez. Por exemplo: um investidor que não tenha muitos recursos optar por alocar 20% de seu capital em COE.
Isso porque, diante de qualquer imprevisto, ele precisará desmontar a posição (se desfazer do papel) antes do vencimento, o que não é recomendável.
“Quanto mais recursos o investidor tem, menor é sua preocupação com liquidez”, ensina Manfro. O inverso também é verdadeiro e vale de alerta para quem se aventura sem ter feito, primeiro, uma reserva de emergência e uma alocação correta dos seus ativos.
Além da liquidez, é preciso ter atenção à estrutura. “O COE, por si só, não é ruim. O que vai dentro dele é que é o problema”, explica Manfro. “Falar mal de COE, no geral, é como não gostar de um voo da Gol e falar mal da Airbus. Não faz sentido”, simplifica.
“Você precisa escolher bem o tipo de COE e o que vai dentro dele. Imagine um COE com exposição ao mercado de grafeno. Se o grafeno vai bem, o COE vai bem. Se o grafeno vai mal, o COE vai mal. O segredo é a escolha. Se escolher bolsa brasileira, a mesma coisa, a rentabilidade sobe se a bolsa subir, mas cai se a bolsa cair, mesmo com Capital protegido, o investidor não gosta de ver o dinheiro ‘parado”, explica.
A regra que vale é a mesma para qualquer investimento: evitar o ativo que já está no topo, que já está caro. É preciso enxergar onde estão as oportunidades de valorização.
“Muitos COEs ruins do passado assim o foram porque a pessoa ‘comprou bolsa’ (COE com exposição à bolsa) quando ela já estava cara e perdeu 50% na pandemia”, avalia.
Então, confira a seguir como não errar na escolha do COE!
É preciso buscar COEs de instituições confiáveis, classificados como COE com rating triple A (AAA).
O COE representa uma alternativa de captação de recursos para os bancos, sendo registrado da mesma forma que um CDB, por exemplo.
O risco do investidor está no banco que emite o COE, pois toda operação é feita e estruturada pela instituição, que também garante ao investidor o capital protegido.
Ou seja, existe um risco de crédito no investimento em COE: o recebimento dos pagamentos dos certificados está sujeito ao risco de não pagamento pelo emissor. E o COE não conta com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos – FGC.
Por esse motivo, os COEs sempre são estruturados com bancos de primeiríssima linha.
Dentre as muitas opções de COE, o investidor deve procurar aqueles que trazem em seu nome “retorno garantido” – COE com retorno garantido. Isso quer dizer que o COE terá capital protegido mais algum ganho.
“No mínimo, deve-se buscar a correção pelo IPCA, para garantir o poder de compra”, ensina Manfro.
Um Certificado de Operações Estruturadas que traz em seu nome a palavra “bidirecional” (COE bidirecional) faz o uso dos derivativos não apenas para buscar a alta do índice/ativo, mas também para entregar rentabilidade em caso de queda.
“O COE tem uma vantagem muito importante que é o fato de que, por ter várias estruturas, ele pode ser bidirecional. Isto quer dizer que, se subir, o investidor ganha, mas se cair ele também ganha”, explica.
Como dito anteriormente, ampliando o leque de possibilidades, também aumentam as possibilidades de retorno.
Certificado de Operações Estruturadas com esta característica (COE com alta ilimitada ou COE com alta alavancada) tem possibilidade infinita de ganho na parte da estrutura de alavancagem. “Não vejo razão para limitar as possibilidades de ganho”, diz Manfro.
“Dizer que um veículo de investimento financeiro é caro demanda uma outra afirmação que sempre deve vir junto: caro em relação a o que? Um ‘par’ do Certificado de Operações Estruturadas seria, por exemplo, um fundo de investimento. E, nessa comparação, eu garanto: o COE não é caro. Ele perde na liquidez, mas as taxas são menores”, afirma Manfro.
Para se ter ideia, o COE não possui taxa de administração, custódia ou come-cotas, como um fundo.
Por exemplo: fundos multimercados cobram 2% ao ano de Taxa de Administração, enquanto a maioria dos COEs cobra de 1% a 1,5% ao ano de custos.
Ou seja, em um período de 5 anos, o investidor pagou 10,4% de taxa para um fundo, enquanto que no COE os custos ficaram entre 5% e 7,5% no período. Conclusão: o COE é mais barato que seus pares de mercado.
O produto também conta com a tributação regressiva do Imposto de Renda: quanto maior o prazo do investimento, menor a alíquota de IR em caso de lucro.
“Se você puder abrir mão da liquidez, é melhor investir em COE do que em fundo. Se você pode fazer um investimento pensando em 5 anos ou 10 anos, o COE será sempre uma alternativa melhor”, recomenda Manfro.
O Certificado de Operações Estruturadas fica sujeito ao mercado de balcão. Isso significa que, ao avisar o assessor que quer realizar a venda do título, o investidor fica sujeito ao que o mercado está pagando pelo papel. Ou seja, pode não reaver o total do valor investido.
É verdade que todo assessor de investimento ganha comissão sobre as aplicações realizadas pelo cliente.
No entanto, como esclarece Manfro, o bom assessor só vai recomendar bons produtos que estejam de acordo com o perfil do investidor.
“O assessor não vai indicar um produto ruim por pura sobrevivência”, simplifica. Sim, porque, se o cliente estiver insatisfeito, ele facilmente migra para outro assessor. “Isso mata a profissão no longo prazo”. Logo, o profissional competente fará boas recomendações.
Além disso, é preciso esclarecer que a comissão paga por um COE é a mesma que um CDB ou um título do Tesouro. “Para o bem do mercado, as maiores comissões estão nos melhores produtos”, ele diz.
E complementa: “O cliente só reclama da comissão do assessor quando não vê rentabilidade, essa é a realidade. Se ele enxerga rentabilidade, ele não reclama, porque está vendo a vantagem prática de investir com uma boa assessoria, por isso a EQI está comprometida em trazer Investimentos que tragam ótima rentabilidade ao investidor”.