O BTG Pactual (BPAC11) analisou o ciclo do ouro, que obteve destaque em meio as incertezas da inflação. De acordo com a instituição financeira, o metal mostrou performance positiva de 8% em dólares no início deste ano. Porém há perspectivas de incertezas a um médio prazo e desta forma, o BTG recomendou a redução de exposição direta.
A incerteza da economia e a maior volatilidade com alta pressão inflacionária contribuíram para um mercado de commodities apertado. E o conflito entre Rússia e Ucrânia elevou a classe do ativo, como um trigger adicional para a pressão inflacionária.
“Mais do que isso, o risco geopolítico promove um aumento da incerteza, sobretudo relacionado à expansão do conflito para outros países, o que gerou a busca por ativos que operam como ‘seguro’ – caso do ouro”, informou trecho do relatório.
O documento disse ainda que desde o início de pandemia, com a adoção de uma política monetária extremamente acomodatícia por parte do Fed, com forte compressão do juro real, o ambiente para o ouro – ativo inversamente correlacionado aos juros – ficou mais favorável.
“Olhando à frente, entendemos que o cenário deve mudar para o ativo”, informou o BTG.
PublicidadePublicidade
BTG (BPAC11): nova política monetária
A mudança política monetária global pode representar possíveis riscos para o ouro. O Fed Funds Rate projetou o ponto de 2,875% (com intervalos entre 2,75% e 3,00%) até o final do ano, com a possibilidade de atingir o patamar de 3,875% (com intervalos entre 3,75% e 4,0%) em 2023. Este ciclo, que foi iniciado em março de 2022, poderá ser um dos mais intensos desde a década de 1980.
Também há expectativa de forte reorganização do juro real, o que poderá influenciar no processo de redução do balanço Fed, que deverá acontecer no mês de maio. A recomposição de 95 bps do componente real influenciou no crescimento dos juros: de 1,50% em janeiro para 2,70% em abril.
“Com o não reinvestimento dos ativos por parte do Fed e o aumento do prêmio pela liquidez, a pressão no juro deve ser um vetor negativo para o ouro. Já o papel mais forte do dólar no mundo, reflexo do diferencial de juros e também do crescimento mais favorável nos EUA do que Europa, sendo mais um vento contrário para a tese” destacou o banco.
Alta dos juros
O BTG consegue prever obstáculos para a commodity que estará relacionada a normalização da incerteza econômica. De acordo com o relatório, a alta de juros pelo Fed contará também com uma taxa de juros real, que pode ficar positiva e contribuir para pressionar o juro nominal durante uma década.
Vale destacar, o crescimento da China e Estados Unidos que poderá representar um retorno de um ritmo potencial para a economia. Este cenário poderá influenciar na acomodação do dólar global, o que levaria a moeda a um nível mais elevado com possíveis ajustes na margem para o segundo semestre, devido as mudanças que são previstas na política monetária europeia.
Posições normalizadas
Há perspectiva de valorização residual a curto prazo para o ouro, em virtude das incertezas promovidas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia e neste cenário, o balanço de risco continua baixo. Há uma maior probabilidade do ativo chegar ao patamar de US$ 1,850 oz, o que está acima das estimativas do banco.
“Dito isso, recomendamos a redução da exposição direta em ouro para os próximos meses, deixando uma participação baixa nas estratégias, conforme apontamos nos perfis Balanceado e Sofisticado do Asset Strategy” encerrou o BTG.