O BTG (BPAC11) examinou o setor de infraestrutura na última CEO Conference Brasil 22, evento este, organizado pela instituição financeira e ocorrido em São Paulo nos dias 22 e 23 de fevereiro.
Existia a preocupação devido a previsão de safras mais fracas, e este cenário, poderia causar impacto limitado em empresas que atuam no setor com logística de grãos. Segundo o relatório, a diversificação de receitas e o formato take-or-pay para contratos contribuíram para aliviar estas incertezas.
Vale destacar o pipeline deste ano, que promete a realização de leilões de infraestrutura. Esse momento representa uma série de novas oportunidades, o que pode estimular a competitividade entre as empresas locais.
O BTG recomendou Santos Brasil (STBP3), Ecorodovias (ECOR3), CCR (CCRO3) e manteve a classificação de compra para a Rumo (RAIL3) e Hidrovias do Brasil (HBSA3) que tiveram um resultado inferior.
BTG (BPAC11): cenário favorável para a Santos Brasil (STBP3)
A Santos Brasil (STBP3) destacou a sua renovação de contrato com a Maersk em 2021. Esta parceria representa cerca de 70% dos volumes da empresa e estimulou a atualização dos valores dos contêineres no porto de Santos. Uma maior competitividade representou a expansão da logística, onde a STBP3 operou 90% acima da capacidade no final do ano.
A falta de contêineres continua sendo a ênfase para 2022, o que simboliza alta nos preços. De maneira geral, os valores de Santos estão abaixo dos que são praticados nos principais terminais de importação ou exportação do mundo, e de acordo com o BTG, existe a perspectiva de taxa de aproximadamente 40% no local, o que irá gerar aumentos contínuos de preços de contratos.
Também é estimado a expansão do porto santista em 3 a 4% ao longo do ano, o que irá contribuir para o crescimento da Santos Brasil, que conta com uma grande participação de mercado no local. A fórmula para o sucesso da STBP3 foram os volumes mais fortes associados a melhores condições de precificações, o que elevou o Ebitda da empresa à 40% no último ano.
Por fim, o Banco BTG mantém a recomendação de compra para Santos Brasil, que conta com uma TIR real de 10,7% baseado nos preços atuais e com um bom EV/Ebitda de 7,3x em 2022.
Ecorodovias (ECOR3): melhorias regulatórias
Existe uma série de novos projetos analisados pela Ecorodovias (ECOR3). De acordo com o CEO da empresa, Marcelo Guidotti, o leilão dos ativos é o principal destaque:
- Rodovia do Triângulo Mineiro com um capex total de 2,5 bilhões, com o pregão agendado para 18 de março.
- o re-leilão da concessão da CRT, que conta com capex total de R$ 9,2 bilhões – previsto para o 2T22.
- o pacote rodoviário integrado no Paraná, que reúne 6 trechos rodoviários independentes, com capex total de R$ 44 bilhões e leilão previsto para o 2S22.
A empresa ainda citou os projetos adquiridos, e de acordo com a Ecorodovias, o aumento do preço do asfalto não representa um obstáculo para a companhia. A geração de caixa da ECOR3 contribuiu para a desalavancagem e melhorias no setor. Por exemplo: a assinatura de acordo de reequilíbrio com o Estado de São Paulo, o que garante a concessão para gerenciar a Ecovia dos Imigrantes.
Segundo o BTG, a Ecorodovias é a favorita na disputa para outras licitações no setor rodoviário, e desta forma, o banco destaca o bom TIR de 11,4% e mantém a sua recomendação de compra.
CCR (CCRO3): ativa nos próximos leilões
A CCR (CCRO3) mencionou a conquista de ativos, como por exemplo, o re-leilão da Nova Dutra, a nova licitação para operar as linhas 8 e 9 do sistema de trens urbanos São Paulo e dois blocos de aeroportos regionais, no caso o Sul e o Central. Em relação a expansão, a empresa relatou quais são as suas intenções:
“Nos projetos futuros, a CCR apontou os principais ativos em seu radar: nas rodovias, está estudando a BR- 381, que foi recentemente interrompido pelo governo para melhorar as condições econômicas da concessão. As rodovias do litoral Paulista também estão sendo estudado, pois o leilão desses projetos foi adiado para 2022. Enquanto isso, a concessão da CRT também está no radar, pois representa uma expansão natural do portfólio da CCR na Nova Dutra. Outros projetos rodoviários incluem o pacote no estado do Paraná (incluindo a Rodonorte, que era operada pela CCR até o último ano) e o Rodoanel em Belo Horizonte; em mobilidade urbana, os principais projetos incluem Linha 7 e Linha 10 do sistema de trens urbanos de SP, Trem Intermunicipal de Santos e linhas 11, 12 e 13 em SP; nos aeroportos, os ativos desejados incluem o aeroporto de Congonhas (na 7ª rodada de leilões de aeroportos, prevista para este ano) e o bloco Santos Dumont-Galeão (8ª rodada).” informou trecho do relatório
No aspecto financeiro, a CCOR3 pretende manter o índice de 3,5x em leilões, e este número reúne o valor aproximado de R$ 13 bilhões, quantia esta, que será investida nos próximos anos.
O BTG mantém a recomendação de compra para a CCR, já que acredita em um sólido pipeline na infraestrutura e em uma boa integração de ativos que foram conquistados com uma boa alocação de capital.
Rumo (RAIL3): boa perspectiva para a soja
O maior obstáculo da Rumo (RAIL3) foi a colheita de milho no quarto trimestre. Segundo a empresa, esta foi a pior safra do último ano, o que contribuiu para uma renegociação de contratos e preços para 2022. Desta forma, a RAIL3 optou por adotar uma postura mais conservadora em seus números operacionais.
A administração da companhia citou a renovação da concessão ferroviária da MRS, o que irá contribuir para expandir a competitividade no Porto de Santos.
“A Rumo tem contratos fechados para os volumes de soja para a maior parte do cronograma de transporte do primeiro semestre de 2022; para os volumes do milho, a análise preliminar também indica volumes positivos, embora a visibilidade deva melhorar no final do primeiro semestre; a malha Central também apresenta uma boa evolução com volumes crescendo rapidamente após o início das operações no ano passado.” citou trecho do relatório.
O BTG expôs as dificuldades da Rumo, em especial o guidance para 2022. Apesar dos obstáculos, a instituição financeira acredita em uma recuperação a longo prazo e mantém a sua recomendação de compra. A RAIL3 está negociada a uma TIR real de ~8,7.
Tarifas estáveis na Hidrovias do Brasil (HBSA3)
O segmento de logística de grãos foi tema abordado pela Hidrovias do Brasil (HSBA3), que citou as dificuldades relacionadas à safra de milho em 2021. A empresa obteve êxito em contratos de longo prazo baseados no “take-or-pay”, e desta forma, compensou o menor volume durante a safra no arco norte.
Em relação ao desempenho, a HSBA3 conseguiu aumentar a sua participação na região de Mirituba, o que simboliza uma maior eficiência no comparativo com os seus pares. Em contrapartida, a companhia – que retornou as suas operações em meados de dezembro, encontrou obstáculos associados às condições pouco favoráveis para navegação no corredor sul.
“Olhando para 2022, a empresa compartilhou uma visão positiva sobre os volumes, esperando operar o terminal de Miritituba em plena capacidade (volumes portuários anuais estimados de ~ 6 milhões de toneladas, sem volumes de rodovias e fertilizantes). As tarifas deverão manter-se estáveis em termos nominais, o que implica uma desaceleração em comparação com o ganho de tarifa real relevante nos preços em 2021.” ressaltou o relatório
Para o BTG, existem obstáculos relacionados aos níveis de valuation, porém o banco acredita em bons catalisadores a longo prazo, e por isto, mantém a recomendação de compra para a Hidrovias do Brasil.