A Usiminas (USIM5) informou nesta quarta-feira (5) que recebeu de seus acionistas controladores a confirmação da venda da participação da japonesa Nippon Steel Corporation e da Mitsubishi Corporation — reunidas no chamado Grupo NSC — para a Ternium Investments, braço do grupo ítalo-argentino Ternium..
O contrato envolve 153,1 milhões de ações ordinárias, equivalentes a 31,7% das ações vinculadas ao acordo de acionistas e 21,7% do total de papéis ordinários da Usiminas. O valor pactuado foi de US$ 2,06 por ação, em linha com os termos definidos no acordo assinado entre as partes em julho de 2023.
O negócio totaliza US$ 315,2 milhões em dinheiro e ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Com a conclusão, a Ternium elevará sua fatia no bloco de controle de 51,5% para 83,1%, enquanto a Previdência Usiminas (PU) permanecerá com 7,1%.
Ternium assume o controle da Usiminas: nova estrutura de controle
Após o fechamento da transação, o Grupo T/T, composto por Ternium Argentina, Prosid Investments e Confab Industrial, deterá 92,9% das ações vinculadas ao acordo de acionistas, o que corresponde a 71% das ações ordinárias da companhia.
A Nippon Steel e a Mitsubishi deixarão definitivamente o grupo de controle, encerrando uma relação que remonta à fundação da Usiminas, nos anos 1950, quando a siderúrgica japonesa foi uma das principais responsáveis pela introdução da tecnologia de aço plano no Brasil.
Em comunicado, a Ternium afirmou que o investimento “reforça seu compromisso com a Usiminas e o mercado siderúrgico brasileiro”, prometendo trabalhar para levar a empresa “ao seu pleno potencial” e aprimorar sua competitividade.
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Estratégia e repercussão no mercado
Com a saída da Nippon Steel, a Ternium passa a ter pleno poder de decisão sobre a gestão e o planejamento estratégico da Usiminas, algo que, segundo analistas, pode acelerar mudanças operacionais e otimizações de custos.
Para o Bradesco BBI, a operação abre espaço para que o grupo avalie uma reorganização societária, retomando planos de simplificação da estrutura corporativa e até um eventual fechamento de capital da Usiminas no futuro. O banco considera que o controle total “facilita a captura de sinergias industriais e logísticas”.
Já o Morgan Stanley avalia que o negócio, embora coerente do ponto de vista estratégico, é caro e diluidor. O preço de compra — cerca de R$ 11,10 por ação, considerando o câmbio de R$ 5,39/US$ — equivale a um P/L de 19,8 vezes sobre o lucro estimado para 2026, muito acima dos múltiplos projetados para a própria Ternium (6,8x) e para a Usiminas (9,9x).
Enquanto a Ternium vê potencial de valorização no mercado siderúrgico brasileiro, a Nippon justificou a venda como uma forma de reduzir exposição a riscos e evitar perdas em um ambiente que “não deve se recuperar de forma significativa no curto prazo”.





