O Brasil está passando pelo maior período sem IPOs (Oferta Pública Inicial) desde 2004. O último IPO na B3 ($B3SA3) foi realizado em dezembro de 2021 pelo Nubank ($ROXO34), que atualmente não está mais listado na bolsa brasileira.
Espera-se que esse período de inatividade termine em 2024. Os principais bancos de investimento do Brasil estão se preparando para o retorno dos IPOs. Segundo a Bloomberg Línea, o Bank of America e o Santander estão trabalhando em novos IPOs.
Um indicativo do retorno da temporada de IPOs foi o aumento das ofertas de ações subsequentes, também conhecidos como Follow Ons, a partir do segundo trimestre de 2023 (2TRI23), que totalizaram 18 operações até o final do mês passado, incluindo empresas como Copel ($CPLE6), BRF ($BRFS3) e Localiza ($RENT3).
O Morgan Stanley e o Bank of America destacaram que os IPOs retornarão em 2024, após o Brasil ter observado com cautela o biênio de 2022 e 2023. Este período foi marcado por altas taxas de juros e inflação, além de uma economia com alto nível de desconfiança, sem mencionar a eleição mais polarizada no país desde a redemocratização no final dos anos 1980.
Depois de conversar com alguns analistas dos bancos de investimento que estão preparando os IPOs, a Bloomberg Línea sinalizou que há uma preferência no mercado por empresas com maior geração de caixa. Assim, essas empresas devem liderar o próximo ciclo de abertura de capital.
Quais empresas devem fazer IPO em 2024?
Como mencionado anteriormente, empresas com maior geração de caixa devem liderar o próximo ciclo de abertura de capital. O mercado especula os IPOs de Nadir, Cimed, Votorantim Cimentos, a unidade de cimentos da CSN ($CSNA3) e a Compass da Cosan ($CSAN3).
No biênio de 2020 e 2021, a bolsa brasileira observou a abertura de capital de 74 empresas, sendo 28 em 2020 e 46 em 2021. Vale lembrar que esse período foi o auge da pandemia de covid-19, embora as taxas de juros estivessem em seu menor nível histórico.
No entanto, os anos de 2022 e 2023 foram desafiadores para a maioria das empresas que fizeram IPO durante essa fase, com a maioria delas atualmente no vermelho.
Por isso, as empresas ainda estão cautelosas em abrir o capital. Para o Brazil Journal, Patricio Figueiredo, CEO da Nadir Figueiredo, destaca que a empresa está pronta para voltar ao mercado listado brasileiro.
“Agora, estamos preparados para voltar mantendo tudo atualizado e é uma oportunidade de trazer os investidores que estiveram conosco naquela época com uma atualização de tudo o que dissemos que faríamos, consolidando a operação da Nadir Figueiredo”, declarou.
Se a Nadir está pronta para o seu IPO, a Cimed afirma que não tem pressa para abrir o seu capital, mas ressalta que entraria em uma grande oportunidade de M&A se ela aparecer.
Além disso, a empresa destaca que está melhorando a sua governança para estar “pronta para o momento certo”.
“Uma história para que efetivamente tenhamos na nossa pauta uma IPO teria que ser no sentido de uma consolidação de mercado. Como eu já disse anteriormente, a nossa agenda orgânica é muito forte, firme e sólida. Em algum momento, vamos dar um salto ainda maior daqueles que nós já temos planejado. E uma consolidação de mercado com algumas ou uma grande aquisição poderia ser, eventualmente, um grande propósito para que possamos colocar isso como uma prioridade dentro da companhia. Está nos planos e temos essa agenda”, afirmou José Roberto Lettiere, conselheiro da Cimed.