O analista da EQI Research, Nícolas Merola, avaliou que o resultado da Prio (PRIO3) no terceiro trimestre de 2025 refletiu uma sequência de eventos operacionais adversos, já antecipados pelo mercado, que comprometeram temporariamente o desempenho da petroleira. Segundo ele, as falhas em equipamentos e a paralisação de um importante campo de produção reduziram a receita e a lucratividade da companhia no período.
Merola destacou que o trimestre já se desenhava como desafiador, com os efeitos negativos concentrados em dois eventos principais: a falha em uma bomba de compressão de gás no campo de Albacora Leste — um ativo estratégico da empresa — e a interrupção das operações no campo de Peregrino, após uma revisão conduzida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A suspensão foi determinada para ajustes técnicos e afetou a produção do campo, que é operado por um parceiro internacional, no qual a Prio detém participação minoritária.
De acordo com o analista, a parada do campo de Peregrino resultou em uma queda imediata de produção e, consequentemente, de receita.
“Enquanto a operação esteve suspensa, a companhia deixou de gerar receita naquele campo. Quanto mais tempo durasse a parada, maior seria o impacto financeiro para as duas operadoras”, observou Merola.
Resultado da Prio: venda de parte de estoques para mitigar perdas
Para mitigar parcialmente as perdas do período, a Prio recorreu à venda de parte de seus estoques de petróleo, o que ajudou a compensar a redução de produção e suavizar os efeitos financeiros. Essa estratégia, segundo o analista, foi responsável por um desempenho de receita um pouco acima das expectativas, mas não representa uma solução estrutural.
“O estoque é limitado e essa medida tem efeito temporário. O que realmente resolve o problema é a retomada das operações, que já ocorreu em meados de outubro”, acrescentou.
Com a normalização da produção no início do quarto trimestre, Merola avalia que o impacto negativo será restrito a cerca de 15 dias de operação parcial no mês de outubro, o que tende a gerar uma recuperação gradual nos próximos resultados.
“O mercado já precificava essa fase mais fraca e entende que o efeito é pontual. A perspectiva agora é de retomada, com o quarto trimestre refletindo uma operação praticamente normalizada”, concluiu o analista.
Como foi o resultado da Prio no 3TRI25
A Prio reportou lucro líquido de US$ 64 milhões no 3TRI25, resultado 59% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior, quando havia alcançado US$ 156,57 milhões. O desempenho foi impactado por fatores operacionais e por oscilações no preço internacional do petróleo.
Apesar da retração no lucro, a receita líquida da companhia avançou 18% na comparação anual, somando US$ 557,6 milhões. O crescimento foi sustentado pelo aumento de 26% na produção e de 36% nas vendas, que compensaram parcialmente a queda de 13% no preço médio do barril de Brent no período.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu US$ 334,7 milhões, representando uma leve queda de 2% em relação ao terceiro trimestre de 2024.
A empresa destacou que o trimestre foi marcado por desafios operacionais, mas manteve ritmo consistente de produção e comercialização, favorecido pela retomada gradual de campos e pela eficiência nas operações.
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