O Itaú Unibanco (ITUB4) acusou seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, de violar políticas internas e agir em “grave conflito de interesses” para benefício próprio na contratação de pareceres técnicos. Após as denúncias, o banco planeja apresentar uma ação civil em janeiro de 2025, após o recesso do Judiciário, segundo informações publicadas pelo Brazil Journal.
O Itaú contratou um escritório de advocacia para buscar reparação de danos contra Broedel e seu sócio, Eliseu Martins. De acordo com um executivo envolvido nas investigações internas, há indícios de “gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e associação criminosa”. A denúncia consta na ata de uma assembleia geral extraordinária, assinada pelos diretores José Virgilio Vita Neto e Álvaro Felipe Rizzi Rodrigues, e foi comunicada ao Banco Central, ao Coaf e à CVM.
Acusações do Itaú contra Alexsandro Broedel
O banco afirma que Broedel usou sua posição para aprovar pagamentos a uma empresa com a qual tinha vínculos, totalizando R$ 10,45 milhões entre 2021 e 2024. Esses valores foram destinados à empresa Care, cujos sócios incluem Eliseu Martins e seu filho, Eric Martins. Entre 2019 e 2024, Broedel teria contratado cerca de 40 pareceres da Care por R$ 13,26 milhões. O Itaú não foi informado sobre a relação de Broedel com Martins, descumprindo requisitos regulatórios internos.
As investigações apontam que Broedel teria recebido um suposto “rebate” de 40% sobre os pagamentos feitos à Care. O banco também identificou 23 transferências, no total de R$ 4,86 milhões, realizadas pela Care e pela empresa Evam (também de Martins) para Broedel, próximas às datas de pagamentos do Itaú à Care. Além disso, 20 pareceres contratados não foram encontrados, e quatro foram pagos antecipadamente. O Itaú já protocolou um protesto interruptivo de prescrição e pretende pedir indenizações que somam R$ 11,46 milhões.
Defesa de Alexsandro Broedel
Broedel reagiu às acusações, classificando-as como “infundadas e sem sentido”. Ele anunciou que tomará “as medidas judiciais cabíveis” para defender sua honra. O ex-diretor, que pediu demissão do Itaú em julho após 12 anos de serviço, assumiu uma posição executiva no Santander, em Madri, sujeita à aprovação do Banco Central espanhol.
Em sua defesa, Broedel afirmou que os serviços mencionados foram solicitados por diversas áreas do Itaú e que a empresa de Eliseu Martins fornecia serviços ao banco há décadas sem registro de irregularidades. Ele também declarou que os valores recebidos de Care e Evam eram apenas “transferências entre sócios”. Para Broedel, a investigação levantada pelo Itaú tem motivação questionável, já que as acusações surgiram apenas após sua saída para assumir um cargo em um concorrente.
Desde julho deste ano, Gabriel Amado de Moura ocupa o cargo de diretor de Finanças do Itaú, no lugar de Broedel.
Itaú também tem troca no marketing
O Itaú também anunciou o retorno de Juliana Cury como sua nova diretora de marketing. Ela assumirá o cargo que era ocupado por Eduardo Tracanella, demitido na última semana após ser identificado o uso indevido de seu cartão corporativo.
Juliana é formada em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e possui mestrado em Administração pelo Insper. Durante 12 anos, de 2008 a 2021, atuou no departamento de Marketing do Itaú Unibanco. Antes disso, foi executiva de contas em agências de publicidade como DM9DDB, McCann Erickson Brasil e Africa Propaganda.
Após sua saída do Itaú, Cury assumiu o cargo de vice-presidente de Marketing e Vendas da Zamp, empresa responsável pelas franquias do Burger King e Popeyes no Brasil. No início deste ano, passou a ocupar a posição de CMO no concorrente Santander.
De acordo com o Itaú, Juliana começará na nova função dentro de seis meses, após cumprir o período de non compete — cláusula que impede executivos de transferirem informações estratégicas a empresas concorrentes ao trocar de emprego. Até sua chegada, a equipe de Marketing do banco reportará diretamente a Sergio Fajerman, membro do comitê executivo responsável por Pessoas, Marketing e Comunicação Corporativa.
O Caso de Eduardo Tracanella
O desligamento de Eduardo Tracanella, que estava na empresa há quase 30 anos, chamou atenção no mercado. Ele foi afastado após uma auditoria de compliance identificar o uso do cartão corporativo para despesas pessoais. Esse tipo de análise, chamada de “escaneamento”, é feita regularmente no banco para garantir que os gastos estejam alinhados às políticas internas.
Apesar de não configurarem crime, as irregularidades foram consideradas uma violação das regras de compliance e motivaram a decisão de desligamento por quebra de confiança. Após a detecção dos gastos indevidos, uma investigação interna foi conduzida, mas nenhuma outra irregularidade envolvendo Tracanella foi encontrada.
Em nota oficial, o Itaú reiterou que a única razão para a demissão foi o mau uso do cartão corporativo e desmentiu especulações sobre irregularidades relacionadas a verbas publicitárias. A declaração do banco afirmou:
“O Itaú Unibanco repudia as alegações infundadas de irregularidades de verbas publicitárias e reitera que atua de forma ética e íntegra como um dos maiores anunciantes do país com todos os seus elos da cadeia de comunicação. O banco confirma que o motivo do desligamento de seu executivo é única e exclusivamente o mau uso do cartão de crédito corporativo, sem prejuízos materiais à Instituição.”
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