A EQI Research manteve sua Carteira Buy and Hold sem alterações para o mês de julho, mesmo diante de um cenário de maior volatilidade nos mercados e novas tensões geopolíticas.
A decisão, segundo os analistas Felipe Paletta e Nícolas Merola, reflete a convicção da casa nas teses de longo prazo, com foco em empresas resilientes e descontadas, capazes de gerar valor em meio a um ambiente turbulento.
“Escolhemos negócios que gostaríamos de ser sócios por anos”, explicou a EQI Research. Para os analistas, as incertezas recentes — como o conflito entre Irã e Israel e a escalada das tensões comerciais entre EUA e China — reforçam a importância de manter uma carteira equilibrada e estrategicamente posicionada.
Sem mudanças na Carteira Buy and Hold, mas com atenção redobrada
Em junho, a Carteira Buy and Hold teve uma valorização modesta de 0,12%, ficando abaixo da alta de 1,33% do Ibovespa. Ainda assim, no acumulado de 2025, o portfólio soma ganhos de 20,1%, superando os 15,4% do índice.
A EQI Research destaca que, apesar da correção recente da Bolsa, a estratégia segue firme. “Não fazemos ajustes conforme as notícias saem”, disse Paletta. “Acostume-se com a volatilidade.”
Segundo ele, a composição atual está bem distribuída entre setores que se beneficiam do chamado “value play” no Brasil e outros menos sensíveis ao cenário internacional, como commodities e serviços públicos. A recomendação segue mirando um horizonte de 10 anos.
Petrobras: foco na Margem Equatorial e dividendos sob pressão
Entre os destaques do mês, a EQI Research chamou atenção para os desdobramentos recentes da Petrobras ($PETR4), que mantém peso de 10% na carteira. A empresa venceu, ao lado da ExxonMobil (XOM; $EXXO34), leilão de 10 blocos na Margem Equatorial — considerada uma das últimas grandes fronteiras exploratórias do país.
O movimento é visto como estratégico, uma vez que os projetos podem começar a operar em 2030, quando a estatal atingirá seu pico de produção. No curto prazo, no entanto, o pagamento de dividendos extraordinários — que vinha sendo pressionado pelo governo — deve ter resistência, principalmente por conta do cenário global de petróleo mais barato e valorização do real.
Ainda assim, a EQI Research acredita que o dividendo previsto de cerca de US$ 9 bilhões, o equivalente a mais de 12% de yield, será mantido, com a estatal sendo uma peça-chave para reduzir a exposição da carteira às oscilações do preço do petróleo.
JBS: listagem nos EUA impulsiona tese de reprecificação
Outro ponto de atenção é a JBS, cuja ação BDR ($JBSS32) representa 10% da carteira. Após concluir sua dupla listagem na Bolsa de Nova York, a empresa anunciou emissão de US$ 3,5 bilhões em bonds de longo prazo e reafirmou sua estratégia de expansão no segmento de alimentos processados.
A companhia projeta crescimento de 6% a 7% ao ano na geração de caixa até 2030 e promete distribuir cerca de US$ 1 bilhão em dividendos anuais, o que implica um yield de 6%. Com múltiplos ainda descontados frente aos pares — negociando a cerca de 5,5 vezes o lucro estimado para 2025 —, a EQI Research vê espaço para re-rating.
Cosan: volatilidade e incertezas no radar, mas tese mantida
Apesar de ter sido uma das maiores quedas da carteira em junho, com recuo de 16,6%, a Cosan ($CSAN3) segue com peso de 5% na Carteira Buy and Hold. A EQI Research reconhece que se trata de uma tese arriscada, mas que pode oferecer retornos relevantes em caso de reprecificação.
A ação sofreu com a piora no cenário no mundo, o aumento do custo logístico e incertezas jurídicas envolvendo a Raízen ($RAIZ4), além de rumores sobre uma possível aquisição da mineradora Bamin, endividada em US$ 5,5 bilhões — informação negada pela empresa.
Por outro lado, o anúncio de dividendos extraordinários pela Rumo ($RAIL3), que deve injetar R$ 450 milhões no caixa da Cosan, e a elevação da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% são considerados sinais positivos.
“Mesmo assumindo que Raízen e Rumo sigam nos preços atuais, o valor justo de Cosan estaria em torno de R$ 9 — um upside de 50%”, avaliou Paletta.
Carteira Buy and Hold da EQI Research – julho de 2025
Ação | Ticker | Preço atual | Preço alvo | Upside | Peso na carteira |
Itaúsa | $ITSA4 | R$ 10,95 | R$ 12,42 | +13,5% | 15% |
Eletrobras | $ELET3 | R$ 40,22 | R$ 53,09 | +32,0% | 15% |
JBS | $JBSS32 | R$ 78,21 | R$ 111,57 | +42,7% | 10% |
Grupo Mateus | $GMAT3 | R$ 8,17 | R$ 9,02 | +10,4% | 10% |
Allos | $ALOS3 | R$ 22,72 | R$ 27,89 | +22,8% | 10% |
Petrobras | $PETR4 | R$ 31,38 | R$ 42,21 | +34,5% | 10% |
Equatorial | $EQTL3 | R$ 35,96 | R$ 42,77 | +18,9% | 10% |
Porto Seguro | $PSSA3 | R$ 55,20 | R$ 50,23 | -9,0% | 5% |
Prio | $PRIO3 | R$ 42,40 | R$ 58,05 | +36,9% | 5% |
Cosan | $CSAN3 | R$ 6,86 | R$ 14,02 | +104,4% | 5% |
Gerdau | $GGBR4 | R$ 16,00 | R$ 22,62 | +41,4% | 5% |
Visão de longo prazo segue inalterada
Diante de um mercado mais volátil e atento a eventos geopolíticos, a EQI Research reforça sua abordagem de não operar ao sabor das notícias. A ideia segue sendo investir em boas empresas, com potencial de valorização e bom retorno ao acionista, pensando no longo prazo.
“Navegar será preciso, principalmente até o desfecho eleitoral de 2026. Mas temos convicção de que nossa carteira está bem posicionada para atravessar esse ciclo”, concluiu Paletta.
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Leia na íntegra o relatório da Carteira Buy and Hold de julho da EQI Research clicando aqui.