O banco BTG Pactual (BPAC11) reitera recomenda neutra para o Bradesco (BBDC4) após o balanço do terceiro trimestre do ano (3TRI23), com preço-alvo de R$ 17. De acordo com o banco de investimentos, vislumbra-se uma recuperação muito lenta.
O relatório informou que, apesar da redução das estimativas de lucro para 2024 em 7%, para R$ 22,5 bilhões – ficando 8% abaixo do consenso – depois que o banco publicou seus números do terceiro trimestre, com margem financeira de cliente encolhendo, o BTG agora acredita que as nossas estimativas abaixo do consenso já estariam sendo demasiado otimistas.
O lucro líquido do 3TRI23 atingiu R$ 4,6 bilhõesm um aumento de 2% e aproximadamente 2% abaixo da estimava BTG e do consenso. De acordo com o relatório existiram dinâmicas positivas: o seguro se destacou novamente (mesmo após bases de comparações mais difíceis no segundo trimestre); as receitas de prestação de serviços também apresentaram um aumento trimestral decente, ajudadas por investment banking e pelo negócio de gestão de recursos; controle considerado decente das despesas, com número de filiais e funcionários em queda em relação ao segundo trimestre; e melhora dos indicadores de inadimplência da fase inicial e de formação de inadimplência, o que deverá conduzir a uma redução do custo do risco futuro.
“A questão, porém, é que para colocar a ‘casa em ordem’, o banco teve de reduzir de forma muito relevante o apetite a risco, colocando grande pressão sobre as receitas. O total de empréstimos caiu 0,1% em relação ao ano anterior, enquanto as carteiras de pessoas físicas e PME ‘mais lucrativas’ ainda diminuíram trimestralmente”, apontou o BTG.

BTG (BPAC11) vê perda de relevância da carteira individual do Bradesco (BBDC4)
O relatório diz ainda que a carteira expandida cresceu 0,7%, impulsionada principalmente por empréstimos rurais e financiamento imobiliário. Enquanto isso, a carteira individual e as linhas de crédito de risco – como empréstimos pessoais e cartões de crédito – continuaram a perder relevância na composição da carteira total.
“Estas políticas de crédito mais conservadoras e spreads mais baixos levaram a uma contração de 60bps t/t na taxa média de spread com clientes. A carteira de PMEs, que é muito relevante para o Bradesco, não apenas para margem financeira, mas também para receitas de prestação de serviços e seguros, encolheu 1% tri/tri e 5% a/a, e uma recuperação na originação só deve ocorrer no próximo ano (o ambiente continua desafiador)”, diz outro trecho do relatório.
Além disso, a margem financeira de mercado manteve sua tendência de alta – embora mais lenta que o esperado – e atingindo território positivo em R$ 23 milhões. No consolidado, o número de margem financeira gerencial ficaram 3% abaixo da expectativa, atingindo R$ 15,9 bilhões.
Inadimplência melhora
Ainda de acordo com o relatório, o índice de NPL, que mede a inadimplência, mas excluindo o efeito da dívida da Americanas (AMER3), que foi 100% provisionado para o próximo trimestre, melhorou 10 pontos base trimestralmente para 5,6%.
“Também observamos uma redução de 10bps na inadimplência de pessoas físicas, a primeira desde 2021. Os NPLs no segmento de grandes empresas (ex-AMER) terminaram o terceiro trimestre em 0,6% (-10bps t/t). Por outro lado, no nicho das PME, o indicie de NPL (acima de 90 dias) continuou aumentando (20 pontos base tri/tri para 7,2%)”, apontou o relatório.
O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 4,621 bilhões no terceiro trimestre de 2023, uma queda de 11,5% na comparação com o mesmo período de 2022, quando o lucro líquido foi de R$ 5,223 bilhões.
O lucro líquido acumulado dos nove primeiros meses de 2023 registrado pela companhia é de R$ 13,419 bilhões, queda de 29,7% em relação ao apurado de janeiro a setembro do ano passado, de R$ 19,085 bilhões, segundo o balanço do Bradesco (BBDC4).