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Por que os estrangeiros estão de volta à bolsa brasileira?

Por que os estrangeiros estão de volta à bolsa brasileira?

Os estrangeiros estão de volta à bolsa de valores brasileira e esse retorno deve se consolidar em 2021.

Somando os meses de novembro e dezembro (até o dia 17) o saldo de investimento externo na B3 chegou a R$ 47,3 bilhões. Esse movimento começou a se intensificar no início do mês passado e ajudou o Ibovespa a ultrapassar a marca dos 100 mil pontos.

Vale lembrar que a entrada de mais dinheiro na bolsa significa valorização das ações e, consequentemente, ganhos também para o investidor brasileiro.

Em dezembro, o movimento estrangeiro segue crescente: até dia 17, o saldo era de R$ 14 bilhões na B3.

Estrangeiros na bolsa: há retomada, mas saldo no ano ainda é negativo

No ano, porém, o resultado segue negativo em R$ 37,4 bilhões – impacto da crise do coronavírus no mercado de capitais. Com exceção de junho, outubro, novembro e, se confirmado, dezembro, os outros períodos do ano foram de saldo negativo. Isso aconteceu porque outros mercados emergentes se mostraram mais rentáveis que o brasileiro ou, no mínimo, com menos riscos.

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O movimento de retorno vem sendo tratado como sinal de retomada. No último dia 17,  o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto lembrou que o investidor de curto prazo é o primeiro a retornar  em um cenário mais favorável.

O retorno dos estrangeiros, ele diz, se explica pelo otimismo com o início da vacinação contra a Covid-19 e com o excesso de liquidez nos mercados.

Estrangeiros na bolsa: pacote de auxílio nos EUA

São vários os fatores que explicam a volta dos estrangeiros à B3.

Em primeiro lugar, está a expectativa de mais injeção de dinheiro na economia americana, com a eleição de Joe Biden. Com Biden, acreditam os analistas, será mais provável a aprovação de pacotes de auxílio monetário e fiscal. Havendo liberação de auxílio, as novas emissões de dólar devem aumentar a liquidez e rebalancear os portfólios globais de investimento.

Bank of America, Credit Suisse e Morgan Stanley já elevaram recentemente a recomendação de compra para mercados emergentes. A BlackRock, maior gestora do mundo, também afirmou que as ações dos países emergentes seriam beneficiadas a partir da eleição de Biden. “Com um provável pacote fiscal robusto e mais emissão de moeda pelos EUA, esse dinheiro migra para alguns países. E o Brasil pode ser beneficiado”, aponta Paulo Filipe de Souza, sócio e assessor da EQI Investimentos.

Em segundo lugar, vem um otimismo com o início da vacinação emergencial. Ela já acontece em países como EUA, Reino Unido e Canadá. Junto à vacina, vem a projeção de retomada de crescimento de todas as economias.

Empresas de commodities em destaque

Por fim, a volta dos estrangeiros também se explica pela competitividade brasileira em commodities.  Com a demanda maior em um cenário de retomada de crescimento global, as empresas locais ligadas a aço, minério de ferro e petróleo tendem a ser favorecidas no portfolio estrangeiro.

Ou seja, ações de empresas como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 PETR4), que tiveram fortes quedas com a pandemia, devem ser alvo dos “gringos”.

“Celulose, petróleo, minério, grãos e proteínas têm fundamentos fortes. E têm espaço para elevação de preço. Ou, pelo menos, para manterem preços elevados em 2021”, aponta Henrique Esteter, analista da Guide.

Os bancos também devem se favorecer com o movimento estrangeiro. “A bolsa brasileira se mostra uma ótima oportunidade por conta das empresas de commodities. Além dos bancos, que estão descontados e têm posição financeira muito sólida”, aponta.  

Risco fiscal preocupa

Para Esteter, o cenário para o investidor estrangeiro é positivo, mas ele depende muito de política e do risco fiscal.

“São questões que podem trazer um viés diferente do que a maioria das pessoas está projetando. Sem reformas, sem privatizações e sem respeito ao teto de gastos, é natural que a gente veja uma inclinação da curva de juros. E uma perda de atratividade de ativos de risco”, alerta.

O próprio presidente do BC admitiu que o governo “precisa mostrar um caminho para a política fiscal para ter mais credibilidade”.