O BTG Pactual (BPAC11) começou a cobertura de Eletrobras (ELET3; ELET6) indicando a compra do ativo. A expectativa é que, em um cenário com a privatização, a ação possa subir até 113%.
Assim, o BTG recomenda a compra até o preço teto de R$ 63 para ELET6 e R$ 57 para ELET3.
Os analistas ressaltam que a Eletrobras é a maior e mais relevante concessionária de energia da América Latina. Assim, ela representa 30% da capacidade de geração instalada do Brasil e 45% da capacidade nacional de rede de transmissão.
Com as reviravoltas dos últimos cinco anos, com cortes massivos de custos e venda de ativos, a empresa teve um ganho de valor de mercado de cerca de R$ 42 bilhões nos últimos anos.
Segundo BTG, muito foi feito internamente na Eletrobras, mas há também ainda espaço para mais mudanças.
“Por anos, a Eletrobras sofreu com a má governança corporativa, uma complexa estrutura e investimentos questionáveis. Desde 2016, uma nova equipe de gestão liderou uma grande reforma, restaurando gradualmente a empresa ao seu apogeu”, destacam os analistas João Pimentel e Filipe Andrade.
Mas apesar das mudanças positivas, há um limite para mudanças quando se fala de uma empresa estatal.
Em comparação com seus pares privados, ela permanece altamente ineficiente e carece de capacidade para investir tanto quanto no passado, diz o BTG. Por isso que o processo de capitalização é vital para o sucesso contínuo da Eletrobras.
O banco ressalta que o Brasil demandará cerca de R$ 407 bilhões em novos investimentos em geração e transmissão de energia na próxima década. Para a Eletrobras se manter relevante nesses segmentos, precisa investir cerca de R$ 14 bilhões por ano. Mas hoje a capacidade é de R$ 3,6 bi/ano.
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Privatização da Eletrobras pode trazer ganhos
A privatização da estatal – que está no radar do governo federal – pode desbloquear um valor significativo para a companhia.
“A Eletrobras oferece um dos riscos-recompensa mais atraentes em nossa cobertura, pois ainda oferece uma vantagem significativa, mesmo ao retirar qualquer vantagem da privatização”, destaca o BTG.
Supondo que a empresa continue sendo estatal, o preço teto do BTG para a ELET6 seria de R$ 52. Ou seja, um aumento de quase 48% em relação aos preços atuais.
“Evidentemente, há mais valor significativo a ser desbloqueado se uma privatização for bem-sucedida. Nesse caso, nosso TP para ELET6 salta para R$ 75 (totalmente diluído), oferecendo um upside impressionante de 113%”, destacam os analistas.
Por isso, o preço teto de R$ 63 para ELET6 do banco é uma combinação de ambos os cenários onde se assume uma probabilidade de 50% de privatização.
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Dividendos únicos
Os analistas destacam a política única de dividendos da Eletrobras.
O pagamento de dividendo mínimo é definido em 25%, enquanto as ações preferenciais têm direito a um dividendo mínimo de 6% do capital integralizado da empresa (R$ 6,97 bilhões), que atualmente se traduz em um dividendo mínimo de R$ 418 milhões.
Só após atender a esses requisitos, as ações ON podem receber dividendos de 6% de seu capital integralizado. Depois disso, quaisquer acionistas preferenciais começarão a receber dividendos 10% maiores do que os acionistas ordinários, explica o BTG.
Uma vez que a Eletrobras historicamente entregou lucros muito baixos, dividendos para o acionista PN foram maiores do que os acionistas ON. Mas em tempos ruins, nem mesmo os acionistas PN receberam dividendos.
Olhando para o histórico de ELET6/ELET3, o ativo foi negociado acima do spread mínimo de R$ 1,1/ação. Em 2016, com investidores esperando grandes melhorias na Eletrobras, o spread diminuiu significativamente e mudou para o limite de 10%.
Assim que as negociações de privatização começaram a esquentar, o spread caiu ainda mais, até abaixo de R$ 1,0/ação.
“Em caso de privatização, acreditamos que haverá apenas uma classe de ações e o fim dos dividendos prioritários para PN”, analisa o BTG.






