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29 Dez 2020 às 10:00 · Última atualização: 29 Dez 2020 · 8 min leitura
29 Dez 2020 às 10:00 · 8 min leitura
Última atualização: 29 Dez 2020
2020 vai entrar para a história da bolsa de valores brasileira não apenas por ter atingido um número recorde de investidores, mas também por conta da onda de aberturas de capital, em meio a uma crise sanitária global. Ao longo do ano, 27 empresas fizeram suas Ofertas Iniciais de Ações (IPO) na B3, captando mais de R$ 44,5 bilhões. Esses números só perdem para 2007, quando foram realizados 64 IPOs, com captação de R$ 55 bilhões.
Com as incertezas em relação à economia e à pandemia, muitas empresas já ficaram pelo caminho. 19 companhias cancelaram os processos de abertura de capital, chegando a se falar em uma “onda de desistências”.
Mas enquanto algumas decidiam dar um passo atrás e esperar, outras correram para colocar o plano em curso. No total, 37 companhias aguardam na fila para terem suas ações negociadas na B3.
A fabricante de softwares, Neogrid (NGRD3), foi a última empresa a estrear em bolsa neste ano. Em seu IPO, a companhia fixou preço de R$ 4,50 por ação, abaixo da faixa indicativa inicial, que ia de R$ 5,50 a R$ 7,25. E captou R$ 486,5 milhões.
No início de dezembro, a Rede D’Or protagonizou o terceiro maior IPO da bolsa brasileira, captando R$ 11,4 bilhões.
A sequência de anúncios de desistência de IPOs em outubro levantou a dúvida sobre a consistência da onda de abertura de capitais que estava se desenhando para este ano.
Mas o avanço de vacinas contra o coronavírus, excesso de liquidez global e resultados econômicos melhores do que esperado favoreceram a retomada de emissões de ações em 2020.
Para 2021, os coordenadores de ofertas de ações acreditam que o ciclo de IPOs e follow-ons no Brasil deve continuar. As projeções chegam a cerca de R$ 140 bilhões a R$ 150 bilhões para emissões de ações.
De acordo com o assessor de investimentos e sócio da EQI, Elias Wiggers, 2021 tem tudo para ser o ano que 2020 não foi.
No fim de novembro, o diretor da B3, Rogério Santana, falou com otimismo sobre novas ofertas durante a Money Week, maior evento online de investimentos da América Latina. Segundo ele, o mercado de capitais entrou num ciclo que está apenas no começo.
“Com a entrada de novos investidores, há uma procura maior pela diversificação. E isso passa pela entrada de novas empresas.” Ou seja, os IPOs devem persistir.
O perfil das ofertas, no entanto, tende a mudar. Neste primeiro momento, de retomada do mercado, é normal que empresas maiores e mais bem preparadas sejam as primeiras da fila. “Conforme o processo vai avançando, outros nomes começam a surgir. O que vai viabilizar a redução cada vez maior do tamanho das empresas e do tamanho das ofertas”, explicou Santana.
Entre as empresas que registraram seu pedido na CVM em dezembro estão a Orizon, Guararapes Painéis, Jalles Machado, Oceanpact, Eletromidia, Mobly, Kalunga e Westwing.
Em 2019, o mercado financeiro já se referia a 2020 como o “ano dos IPOs”. E não era para menos. Havia uma expectativa de que, neste ano, a economia brasileira teria um crescimento mais robusto, depois da ressaca gerada pela recessão que começou em 2014.
Esse otimismo se refletiu diretamente na bolsa. No dia 23 de janeiro, o Ibovespa atingiu o recorde de 119 mil pontos. No mês seguinte, foram realizados os quatro primeiros IPOs do ano. Em todo o ano de 2019 apenas cinco empresas abriram o capital na bolsa brasileira.
Em março, no entanto, a pandemia derrubou os mercados do mundo inteiro, gerando pânico e incerteza. Isso interrompeu temporariamente os planos das companhias. Algumas delas suspenderam o processo de IPO até que a turbulência se desfizesse.
O clima de insegurança acabou dando lugar a uma maior previsibilidade, com a abertura de economias ao redor do mundo e com os resultados da atividade econômica vindo melhores do que o esperado. Além do avanço de vacinas contra a Covid-19.
Embora ainda não tenha atingindo o recorde de 119 mil pontos, o Ibovespa se aproxima cada vez mais deste patamar, atualmente em 118.209,57 pontos.
Dois fatores têm sido preponderantes nessa recuperação do mercado de capitais. E eles estão diretamente relacionados. O primeiro deles é a taxa de juros, que alcançou o patamar mais baixo da história: a Selic chegou ao nível de 2% ao ano. Esse cenário obriga o investidor a se arriscar mais, para obter mais rentabilidade. Isso está fazendo o brasileiro migrar para a bolsa.
Para se ter uma ideia, o número de investidores na B3 passou de 619,6 mil em 2017 para 3 milhões em dezembro de 2020.
Além disso, é preciso considerar que as ofertas primárias são uma fonte de captação muito mais baratas para as empresas quando comparadas a outras linhas de financiamento.
Entre analistas e economistas, a avaliação é de que esse aumento expressivo de IPOs no País não é indicativo de uma bolha. Eles consideram um processo natural e até saudável para o mercado.
Ainda assim, a recomendação para o investidor é que se tenha cautela. Nem toda empresa que faz uma abertura de capital é sólida financeiramente ou tem uma boa perspectiva de crescimento. Muita gente já perdeu dinheiro com histórias que pareciam promissoras e não se confirmaram. Está aí o exemplo do Grupo X, do empresário Eike Batista.
Por trás da aparente euforia dessa nova onda de IPOs, os investidores já demonstraram uma maior seletividade na escolha dos ativos – o que acabou levando até a algumas desistências.
Ao decidir por entrar ou não em um IPO, os investidores devem observar a documentação apresentada pela empresa à CVM e analisar o que será feito com o dinheiro obtido com a oferta de ações. Se os recursos serão usados para expansão, é um bom sinal. Se forem para o bolso do acionista (oferta secundária) ou para pagar dívida, pense duas vezes antes de entrar.
A corretora Planner fez um estudo relembrando o boom de IPOs do mercado brasileiro em 2007 com o movimento que se desenrolou em 2020.
Treze anos atrás, a conjuntura econômica era bem diferente. O mercado vinha de um longo período de poucos lançamentos na bolsa. O PIB cresceu 6,1% naquele ano. O capital estrangeiro mostrava bastante apetite pelas ações brasileiras. Naquele momento havia uma crise de crédito nos mercados europeu e norte-americano, que explodiria no ano seguinte, com a crise financeira global.
“O ambiente favorável atraiu muitas empresas para o mercado de capitais, ainda que parte delas não estivesse bem preparada para uma mudança profunda de comportamento e novos desafios”, diz o relatório da Planner. “O maior exemplo foi observado no setor imobiliário. Foram mais de 20 companhias listadas. O otimismo exagerado não se confirmou e a maioria das incorporadoras amargou grandes prejuízos.”
Agora, o movimento não conta com a participação do investidor estrangeiro. Neste ano, eles ficaram com 25% do total de R$ 117 bilhões em ofertas realizadas na B3, entre IPOs e follow-ons. Em 2007, esse porcentual superava os 70%.
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