O setor agropecuário brasileiro e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reagiram com indignação à decisão do Carrefour França de suspender a compra de carnes do Mercosul.
A medida, anunciada na última quarta-feira (20) pelo CEO global da rede, Alexandre Bompard, levantou questionamentos sobre a soberania e a reputação da produção brasileira, levando à sugestão de um boicote à venda de carne ao Carrefour (CRFB3) no Brasil.
Durante um evento na noite de quinta-feira (21), em celebração aos dez anos da Abrafrutas, o ministro Fávaro criticou duramente a decisão. “Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, afirmou, destacando que não se trata de um boicote ao grupo, mas sim de uma defesa da soberania brasileira.
O ministro também reforçou o compromisso do Brasil com padrões rigorosos de sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade na produção de carnes.
A polêmica surgiu após o Carrefour França justificar a suspensão como uma resposta à pressão dos produtores franceses. O grupo afirmou que a decisão é exclusiva para as lojas na França e não reflete a qualidade dos produtos do Mercosul.
Além do ministro da agricultura, entidades representativas do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), repudiaram a posição do Carrefour França.
Em nota conjunta, elas questionaram a disparidade de critérios adotados entre os mercados. “Se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, afirmaram, reforçando o papel do Mercosul como líder mundial na exportação de carnes bovina e de frango.
Fávaro também mencionou a possibilidade de uma ação coordenada de empresas francesas contra produtos brasileiros, citando um episódio recente envolvendo a francesa Danone. Apesar de manifestar preocupação, ele afirmou acreditar que as companhias reconsiderarão suas posições.
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O episódio mencionado pelo ministro Fávaro é referente a uma decisão recente da Danone, que optou por suspender a compra de soja do Brasil, citando preocupações relacionadas ao desmatamento e à sustentabilidade ambiental.
Em outubro de 2023, a Danone anunciou que passaria a adquirir soja de outros mercados para atender às suas políticas de sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental de sua cadeia de suprimentos.
No Brasil, o Carrefour declarou que continuará operando normalmente, sem mudanças no fornecimento de carne.
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