A indústria europeia de tecnologia espacial deu um passo histórico com o anúncio de um acordo preliminar entre Airbus, Thales e Leonardo para unir operações e criar uma nova empresa dedicada à fabricação e prestação de serviços de satélites. O projeto, que deve sair do papel em 2027, tem como meta fortalecer a competitividade do continente frente ao avanço de rivais norte-americanos e chineses, especialmente a Starlink, de Elon Musk.
Batizado de “Projeto Bromo”, o plano representa a maior integração do setor aeroespacial europeu desde a formação da fabricante de mísseis MBDA em 2001. Segundo o acordo, a nova companhia será sediada em Toulouse, na França, e terá controle dividido entre as três gigantes: Airbus (35%), Leonardo (32,5%) e Thales (32,5%). A governança será compartilhada, sem presidência rotativa ou cargos reservados por nacionalidade.
Indústria europeia: fusão estratégica
O ministro francês da Economia, Roland Lescure, comemorou o anúncio, afirmando que o acordo “fortalecerá a soberania europeia em um contexto de intensa concorrência global”. O novo grupo reunirá cerca de 25 mil funcionários espalhados pela Europa, com faturamento estimado em € 6,5 bilhões por ano e uma carteira de pedidos que supera três anos de receitas.
A iniciativa surge como resposta direta ao rápido avanço de empresas estrangeiras no setor espacial, lideradas pela Starlink, que tem expandido sua constelação de satélites em ritmo acelerado. Analistas da Equita destacaram que a união cria “um verdadeiro campeão europeu capaz de competir globalmente e melhorar a rentabilidade de um setor que vinha enfrentando dificuldades”.
Próximos passos
As empresas ainda precisam finalizar negociações com governos nacionais, sindicatos e a Comissão Europeia, um processo que pode levar até dois anos. Questões regulatórias e trabalhistas deverão ser ajustadas em países como França, Alemanha, Itália e Reino Unido antes do lançamento oficial da nova estrutura empresarial.
O mercado reagiu positivamente à notícia: as ações da Thales subiram 1,3%, as da Airbus avançaram 0,4%, e a Leonardo, listada na Bolsa de Milão, teve alta próxima de 2%. Especialistas veem o movimento como um marco na consolidação da indústria europeia de defesa e tecnologia espacial, que busca reduzir sua dependência externa e construir um polo autônomo de inovação e competitividade global.
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