Como CEO da gestora independente Nest Asset Management, Felipe Prata está atento ao mercado brasileiro, mas não perde de vista o comportamento das bolsas mundo afora. É daí que vem boa parte de seu otimismo para os próximos meses.
Prata, que é sócio do empresário e apresentador Roberto Justus na Nest, acredita que a B3 pode sim chegar aos 115 mil pontos até dezembro, porque ainda está muito distante de seus pares internacionais.
Ele cita como exemplo os índices MSCI, que servem de termômetro sobre os mercados de ações ao redor do mundo. O MSCI Emerging Markets, que acompanha o desempenho das bolsas de 26 países emergentes, já havia recuperado 107,17% das perdas até dia 7 de agosto. Enquanto o MSCI Brasil recuperou apenas 49% até essa data.
“A bolsa brasileira ainda está com um gap em relação às demais”, diz. “Acreditamos que esse gap pode se fechar um pouco mais.”
O CEO da Nest pondera, no entanto, que o caminho até lá não será tranquilo. “O investidor precisa estar preparado para ver o mercado chacoalhar.” Segundo ele, a “visibilidade no mercado brasileiro” continua complicada, especialmente por questões internas relacionadas ao governo.
A reforma tributária deve ser um dos maiores pontos de atenção dos investidores daqui para frente. As mudanças podem incluir aumento de imposto e tributação de dividendos, por exemplo. “Enquanto durarem as negociações o mercado vai chacoalhar e é preciso manter o dedo no gatilho.”
Em entrevista à Eu quero investir, Felipe Prata contou um pouco sobre a estratégia da Nest e sobre o fundo multimercado Nest Absolute Return. Desde novembro de 2017, o fundo acumula retorno de 20,58%. No ano, até 13 de agosto, registra rentabilidade de 0,09% enquanto o Ibovespa cai 13,13%.
Com a palavra, o CEO da Nest:
Sobre a Nest
“A Nest é uma casa relativamente nova. Começou em 2017 de forma pré-operacional. Só fomos ao mercado em 2018. Nossa equipe está começando a ser provada agora. Como sou maratonista, costumo fazer analogias à maratona. Nós estamos agora no quilômetro 36, de 42.
Começamos a crescer dentro de multi family offices. Depois, passamos a entrar nas plataformas como a do BTG, de modo experimental.
Um dos sócios da Nest é o Roberto Justus, um grande empresário, que dá uma credibilidade muito grande para o negócio.

Roberto Justus é um dos sócios da Nest
Ele tem o compromisso de colocar R$ 200 milhões em três anos na Nest. Importante dizer que o dinheiro do Justus é investido no mesmo veículo dos demais cotistas.
Estamos com R$ 348 milhões sob gestão e queremos chegar a R$ 550 milhões no fim do ano. Com isso, vamos cumprir o que estamos fazendo até aqui, que é dobrar de tamanho a cada ano.”
Sobre o Nest Absolute Return
“Esse é um fundo multimercado Long & Short direcional, ou seja, focado em ações. Estamos na categoria multimercado porque queríamos ter flexibilidade. Não queríamos ser obrigados a aplicar no mínimo 67% do patrimônio em ações (exigência dos fundos de ações).
Nosso fundo está dividido em duas partes. Em uma metade adotamos a estratégia “trading” (com movimentos de curto prazo). E na outra metade é uma direcional (ou seja, com posições compradas e vendidas simultaneamente). Podemos ficar de 10% a 50% comprados, dependendo do cenário.
A metade de trading está me dando 0,4% ao mês, enquanto o CDI dá 0,2%. A outra metade é de onde vem a atribuição do ganho. Essa combinação é que achamos interessante.
A gente busca dar o resultado da bolsa no longo prazo com um quarto do risco da bolsa. Em março, por exemplo, enquanto a bolsa caiu 30%, nosso fundo caiu 9%. Nos quatro meses, seguintes subimos em média 48%.
Nós não mudamos nossa estratégia durante a crise. Se tira posição, não volta nunca mais.
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