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Investimentos pós-eleição: um mar nem tão agitado assim…

Investimentos pós-eleição: um mar nem tão agitado assim…

Quero começar com uma frase do grande Roberto Campos:

“Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades…”.

Já esperávamos uma eleição apertada e, surpreendentemente, ela veio ainda mais apertada do que o esperado:

Resultado eleição
Fonte: TSE

Na minha opinião, o Brasil mostrou mais uma vez que é um país ao centro, tanto no que tange pautas econômicas como quando se fala em pautas progressistas.

O brasileiro médio não aguenta exageros. Nem para um lado, nem para o outro…

Apesar de todos os avanços que estavam sendo feitos nas pautas econômicas, o governo atual perdeu a eleição por não conseguir se comunicar com este eleitor de centro, que não é afeito a arroubos e exageros quando se trata de imagem e comunicação.

Com um congresso de centro-direita e com 49% do eleitorado de direita, espera-se que o novo governo “pise em ovos” e trabalhe muito mais com pautas de centro-esquerda do que com algumas ideias radicais que chegaram a ser anunciadas em suas campanhas.

imagem com título de matéria jornalística
Fonte: Conjur.com.br

É cedo para saber como serão os ministérios, mas conversas de corredores já apontam um ministério mais agradável ao mercado.

Na área econômica, ouvimos os nomes de Henrique Meirelles e Marcos Lisboa, que tendem a ser agradáveis para o mercado…

Mas também o de Alexandre Padilha, que causa certo medo.

Na Agricultura, Simone Tebet e Blairo Maggi…

Saúde, com correligionários de Alckmin, com possibilidade de David Uip assumir o ministério…

Um governo menos técnico que o anterior, mas muito mais centro do que de esquerda.

Caso tenhamos nomes como esses, fico tranquilo para os primeiros dois anos. 

Receio somente a capacidade do governo de esquerda de cooptar pessoas ao centro.

Já ouvimos que emissários já foram mandados para conversar com PSD e União Brasil, a fim de compor o governo, e movimentos como esses têm que ser observados…

Falando de mercado, o grande medo dos investidores (principalmente os externos) é um terceiro turno onde o governo contestaria o resultado das urnas.

Isto parece não acontecer, já que vimos Fábio Faria, Damares, Tarcísio e Salles aceitando o resultado.

imagem de título de matéria jornalística
Fonte: Valor Econômico

Mesmo Zambelli e Nickolas, mais fervorosos nas redes sociais, já aceitaram a derrota.

Ou seja, apesar do silêncio de Jair Bolsonaro e sua equipe, devemos ter uma transição mais pacífica do que o esperado.

Com um Banco Central à direita, devemos ver os juros estruturalmente mais altos em caso de um governo que acelere o gasto público.

Sinceramente, é difícil ver um governo do PT que não acene nesta direção…

gráfico do resultado primário
Fonte: EQI Asset

E juros mais altos e mídia a favor normalmente combinam com fluxo de dólares para o Brasil.

Outro fator que ajuda no câmbio é que devemos estar no fim do ciclo de alta da inflação nos EUA, o que pode fazer com que os juros por lá comecem a diminuir.

gráfico compara inflação no Brasil e nos EUA
Fonte: Poder360

Juros mais baixos nos EUA são sinônimo de dólar menos forte — o dólar ainda está muito forte contra todas as moedas no mundo.

Tudo isto ajuda um fluxo maior de dólar para o Brasil.

Sabemos que muitos de vocês acordaram esta semana pensando em dolarizar fortemente suas posições.

Estruturalmente falando, de fato é interessante para o brasileiro aumentar sua posição em dólar.

O ponto é que não acreditamos que este é o melhor timing, no meio do furacão.

Vamos entender se o governo vai apontar na direção que acreditamos e, em caso negativo, podemos tomar esta decisão.

Se tivermos o noticiário internacional falando bem do Brasil — e o PT pilota mídia muito melhor — é capaz de termos um dólar melhor.

Imagem do Twitter de Joe Biden
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, já parabenizou Lula pela vitória sobre Bolsonaro. Fonte: Twitter

E um noticiário favorável no Brasil combinado a um juro forte lá fora… O resultado pode ser um dólar favorável aqui.

Nos investimentos, acredito que teremos turbulências nas bolsas e não recomendaria aumentar nenhuma posição.

Empresas de tecnologia tendem a sofrer com juros mais altos e dólar mais baixo. 

Empresas de varejo e educação podem surpreender com um governo mais à esquerda.

Para renda fixa, volte a olhar com carinho para investimentos IPCA +, já que estado forte e bancos públicos como impulsionadores da economia combinam com inflação mais alta.

Acredito também em um mercado com títulos bancários mais atrativos, como aconteceu nos governos Dilma.

O mercado volta a ser favorável para o investidor de renda fixa nos próximos 4 anos, e segue turbulento para o investidor de ações.

Agora, não há como negar…

Com base nos nomes especulados, podemos presenciar um governo de centro-esquerda com cara de governo Temer, com o PT na presidência.

É aquela história… Mar calmo nunca faz bom marinheiro…

Mas podemos presenciar, principalmente nos dois primeiros anos de mandato de Lula, um mar não tão agitado assim.

Por isso, lembre-se de não tomar nenhuma decisão no calor da emoção.

Grande abraço e até a próxima coluna,

Por Juliano Custodio, CEO da EQI Investimentos

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