O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicou nesta terça-feira (24) que a autoridade monetária dos Estados Unidos ainda não vê espaço para iniciar o corte dos juros no curto prazo. A fala, feita durante audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, esfriou as expectativas de parte do mercado, que aguardava sinais mais claros sobre uma possível redução.
Segundo Powell, o Fed precisa de mais tempo para avaliar os impactos econômicos das tarifas comerciais que vêm sendo adotadas pelo governo norte-americano.
“O aumento das tarifas este ano provavelmente vai pressionar os preços e reduzir a atividade econômica”, afirmou.
Ele explicou que os efeitos dessas medidas podem ser temporários, refletindo apenas um aumento pontual nos preços, mas também não descartou a possibilidade de que haja pressões inflacionárias mais duradouras.
“Estamos em uma posição confortável para esperar e observar qual será o rumo da economia antes de pensar em qualquer mudança na política monetária”, acrescentou.
A declaração reforça a decisão divulgada na semana passada, quando o Fed manteve a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano. Embora alguns dirigentes da instituição tenham sinalizado, nos últimos dias, que o início de um ciclo de corte poderia ser discutido já na reunião de julho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), Powell foi mais cauteloso.
“As mudanças nas políticas estão em curso, e seus impactos ainda são incertos”, concluiu.
Trump sobe o tom contra Powell
O discurso de Powell foi antecedido por mais uma rodada de críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a pressionar publicamente o Fed pela redução dos juros.
Em postagem na rede social The Truth, Trump questionou a postura do presidente do Banco Central americano.
“O ‘Atrasado Demais’ Jerome Powell estará no Congresso hoje para explicar, entre outras coisas, por que se recusa a cortar os juros”, escreveu.
O republicano voltou a comparar os Estados Unidos com a Europa, afirmando que, enquanto o bloco europeu já fez dez cortes nas taxas, os EUA não tiveram nenhum.
“Não temos inflação e nossa economia é forte. Já deveríamos ter reduzido dois ou três pontos”, defendeu.
Trump também argumentou que uma redução nos juros poderia gerar uma economia de cerca de US$ 800 bilhões por ano para o país.
“Seria uma enorme diferença. Se depois for preciso, é só voltar a subir”, sugeriu.
Em tom ainda mais duro, Trump atacou diretamente Powell: “Espero que o Congresso dê uma ‘sova’ nessa pessoa burra e teimosa. Vamos pagar caro pela incompetência dele por muitos anos”, disparou.
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