A volatilidade do câmbio tem sido uma preocupação recorrente entre investidores e empresas que dependem de transações internacionais desde o último trimestre de 2024.
Em entrevista ao portal EuQueroInvestir, Alexandre Viotto, head de Banking da EQI Investimentos, explicou os fatores que influenciaram a alta recente do dólar, as estratégias para mitigar riscos cambiais e como a EQI ajuda seus clientes a se posicionarem diante desse cenário desafiador.
Os fatores por trás da alta do dólar
O último trimestre de 2024 foi marcado por uma forte valorização do dólar frente ao real. Segundo Viotto, essa alta foi impulsionada por incertezas fiscais no Brasil, pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e pelo movimento natural de fim de ano, que historicamente provoca uma maior saída de capitais do Brasil.
“Trump, durante a campanha, indicou medidas protecionistas como aumento de tarifas e um discurso focado no ‘América First’, o que gerou preocupação entre os mercados emergentes”, explica Viotto.
Além disso, ele destaca que a falta de clareza sobre a política fiscal brasileira também contribuiu para a desvalorização do real.
“O governo brasileiro tentou conter a volatilidade, com o Tesouro realizando leilões de títulos e o Banco Central (BC) entrando no mercado cambial, ajudando a segurar a moeda, que fechou acima de R$ 6 no final do ano”, completa.
A reversão do cenário no início de 2025
De acordo com Viotto, com a posse de Trump, muitos esperavam que ele implementasse imediatamente suas políticas econômicas prometidas na campanha. Porém, suas primeiras medidas focaram mais em pautas culturais do que em mudanças concretas no comércio exterior.
“A princípio, houve um otimismo no mercado, com altas no Nasdaq e no S&P 500. Mas, recentemente, as expectativas mudaram, e a palavra do momento é recessão”, alerta Viotto.
Conforme ele, a expectativa inicial era de um crescimento econômico mais acelerado nos Estados Unidos, mas as políticas de Trump começaram a sinalizar uma mudança de foco para setores industriais tradicionais.
“Agora parece que o governo Trump vai priorizar indústrias mais convencionais, como energia, petróleo e alimentos, o que pode impactar os mercados financeiros e a economia global”, destaca.
Viotto também chama atenção para o fato de que, mesmo que Trump tenha assumido com um discurso protecionista, ele não aplicou de imediato as tarifas e restrições comerciais prometidas. “Isso trouxe uma certa euforia inicial, mas agora o mercado já está revendo suas expectativas, e há um receio crescente de uma recessão, ainda que mais leve”, explica.
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O impacto das políticas protecionistas de Trump no mercado
Para o head de Banking da EQI, a reeleição de Trump deve intensificar medidas protecionistas, o que influencia diretamente os mercados e as decisões dos investidores.
Viotto destaca que, inicialmente, houve um otimismo em relação ao crescimento econômico, mas que agora há uma preocupação crescente com uma possível recessão nos Estados Unidos.
“As empresas de tecnologia, que foram uma grande base de crescimento nos últimos anos, já estão sentindo os impactos dessa mudança de foco do governo. O Trump está claramente priorizando indústrias mais tradicionais, como petróleo e energia”, afirma.
Ele também ressalta que Trump acredita estar mandatado para seguir com essas políticas, já que venceu com uma margem expressiva nas eleições. “Ele se sente imbuído dessa missão de proteger os empregos americanos, mesmo que isso signifique aceitar uma recessão leve no curto prazo”, explica.
Como a EQI auxilia na proteção contra a volatilidade cambial?
Diante desse cenário de incertezas, Viotto cita que a EQI Investimentos desenvolve estratégias para ajudar seus clientes a se protegerem contra oscilações bruscas do câmbio. “Defendemos que as empresas tenham uma política de hedge bem definida, evitando decisões impulsivas e buscando estabilidade financeira a longo prazo”, afirma Viotto.
Entre as ferramentas utilizadas, estão os derivativos financeiros, como NDF (Non-Deliverable Forward) e swaps cambiais, que ajudam as empresas a travar cotações e minimizar riscos.
“Além disso, utilizamos travas cambiais, que são fundamentais para que as companhias consigam estruturar suas estratégias de hedge sem depender de decisões pontuais baseadas em momentos de volatilidade”, explica.
Viotto reforça que o foco da EQI não é apenas oferecer ferramentas, mas desenvolver estratégias robustas para longo prazo.
“Gastar tempo educando os clientes sobre o que é NDF ou swap não é o ponto principal. O que realmente importa é a estratégia de proteção cambial e a estabilidade financeira da empresa”, diz.
Recomendações da EQI para o futuro
Para Viotto, o momento exige planejamento e estratégia. O especialista reforça que a EQI trabalha junto aos clientes para definir um posicionamento de médio e longo prazo, ajudando empresas a projetar suas necessidades cambiais ao longo do ano e aproveitando oportunidades pontuais de mercado.
“Estamos sempre próximos dos nossos clientes, principalmente os de pessoa jurídica, analisando como eles imaginam as cotações cambiais ao longo do tempo. Algumas empresas trabalham com dólar médio, outras com um patamar mínimo para operações, e nós ajudamos a estruturar as melhores estratégias”, explica.
Ele enfatiza que a EQI valoriza a proximidade com seus clientes, especialmente em momentos de crise.
“É comum ver empresas de serviços se afastando nessas horas, não atendendo telefonemas ou evitando conversar com os clientes. Mas é justamente nesses momentos que buscamos estar ainda mais próximos, orientando e criando estratégias para que nossos clientes enfrentem os desafios com mais segurança”, finaliza Viotto.
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