A EQI Research analisou a operação Engie (EGIE3) e Eletrobras (ELET3), publicada originalmente em julho, e concluiu que o trade permanece atrativo, mesmo após forte valorização da Eletrobras e queda das ações da Engie. A atualização foi feita pelo analista Nícolas Merola, que destacou o desempenho expressivo da estratégia e justificou a manutenção da recomendação. Em julho, a casa de análise recomendou a troca das ações da Engie por Eletrobras.
Na ocasião, o relatório apontou que, embora ambas as empresas atuem no mesmo setor, a Eletrobras apresenta uma melhor relação risco-retorno e maior potencial de valorização, o que motivou a recomendação de troca.
De acordo com Merola, desde a publicação inicial, a Eletrobras registrou valorização de aproximadamente 30%, enquanto a Engie, que representava a ponta vendida da operação, recuou 12,8% no mesmo período. A combinação resultou em um ganho acumulado superior a 43%, consolidando o trade como uma das operações mais bem-sucedidas da casa nos últimos meses.
Segundo o analista, a operação Engie vs Eletrobras foi estruturada com base na diferença de valuation entre as duas companhias e na composição dos portfólios de geração de energia. Enquanto a Eletrobras concentra sua produção majoritariamente em energia hidrelétrica, a Engie tem uma diversificação maior, com cerca de 30% de participação em fontes renováveis, como eólica e solar.
Engie e Eletrobras: diferencial de atuação foi determinante
Esse diferencial, explicou Merola, foi determinante para o desempenho da operação. No período analisado, o cenário se mostrou mais favorável à energia hidrelétrica, considerada mais resiliente diante da alta oferta de fontes renováveis no sistema elétrico. Essa dinâmica fez com que a Eletrobras, por possuir parte do portfólio descontratada, pudesse vender energia a preços mais vantajosos em momentos de volatilidade de mercado — algo que nem todas as geradoras conseguem fazer.
Merola também ressaltou que a tese do trade não se apoia apenas na conjuntura recente do setor. Entre os fatores considerados na análise estão o melhor desempenho operacional da Eletrobras, a estrutura de capital, a política de dividendos e a dinâmica de preços de energia, elementos que continuam favorecendo a companhia mesmo após a expressiva alta das ações.
Em contrapartida, a Engie segue enfrentando desafios relacionados ao seu maior grau de exposição à energia renovável, que neste momento tem atuado como um ponto negativo dentro do contexto de mercado.
Na revisão publicada nesta semana, a EQI Research reforça a recomendação de manutenção da operação Engie e Eletrobras e considera que o diferencial de valuation entre as empresas ainda é atrativo, embora menor do que no momento da abertura do trade. Para Merola, os fundamentos positivos da Eletrobras continuam a se fortalecer, sustentando o potencial de valorização da companhia ao longo dos próximos meses.
Assim, o relatório conclui que a estratégia permanece válida tanto para quem já participa da operação desde julho quanto para novos investidores que desejam se posicionar no par Engie e Eletrobras.