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Mulheres e investimentos: elas buscam informação, erram menos e pensam no longo prazo

Mulheres e investimentos: elas buscam informação, erram menos e pensam no longo prazo

Que as mulheres já fazem parte do mercado financeiro, não é nenhuma novidade. O interesse feminino vem sendo consistente ao longo dos anos e tem se destacado em diversas posições. 

Exemplo que reforça essa afirmação é o número de mulheres cadastradas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), que alcançou a grandeza de 1.171.029 milhão, segundo dados divulgados em fevereiro de 2022. 

A marca representa 23,36% do universo de pessoas físicas. Contudo, comparativamente, ao número de homens investidores ainda é bem menos representativa que os 76,64% assegurados por eles.

Mas, se as mulheres ainda são minoria no mercado financeiro, nas redes sociais elas vêm confirmando seu lugar ao sol ao compartilhar conteúdo da mais alta qualidade sobre educação financeira e investimentos. 

Dentre várias protagonistas que estão hoje em cena, chamamos para uma conversa Paula Reis, trader e fundadora do canal “Mulher Trader”, do Youtube.

Ela falou sobre seu papel na disseminação de informações sobre finanças e comentou sobre o comportamento feminino no âmbito dos investimentos.

O papel das mulheres na informação sobre o mercado financeiro

Se as mulheres estão hoje mais ativas no mercado financeiro, esse movimento pode ser relacionado a diversos fatores.

Um deles, sem dúvida, é a instabilidade gerada pela pandemia da Covid-19, que despertou, de modo geral, uma nova consciência sobre a educação financeira. 

Para suprir essa crescente demanda, blogs e sites têm se especializado no oferecimento de informações fáceis de serem entendidas pelo grande público.

Além disso, produtores de conteúdo ganham relevância em múltiplas plataformas, como YouTube, Instagram, Twitter etc. Principalmente para conversar com o público feminino.

Dentro desta cena está Paula Reis, trader e fundadora do canal “Mulher Trader” do Youtube. 

Com conteúdo dedicado à mulheres, a influenciadora começou seu perfil no Instagram em 2018. Em 2020, atingiu 20 mil seguidores. Agora, mantém um crescimento que gira entre 2 mil pessoas por mês. Dentre os quais, 71% dos seguidores são mulheres.

Já sua incursão pelo YouTube começou em julho de 2020 e hoje registra 5.700 inscritos.  

Mas, curiosamente, na plataforma de vídeos, a audiência de homens é superior, chegando a 80%.

“Percebo que o interesse pelos investimentos cresceu de modo geral. O brasileiro está mais preocupado em cuidar do dinheiro, principalmente, depois do que passamos durante a pandemia. 

Mesmo que a pessoa não tenha tido sua renda afetada durante a quarentena, o período despertou a necessidade de pensar sobre as finanças no longo prazo”, comenta Paula. 

Conhecimento feminino sobre finanças está mais sofisticado

A trader também destaca uma evolução do conhecimento feminino nos dois últimos anos.

“As mulheres estão mais especializadas em educação financeira e em investimentos. Antes, as dúvidas que recebia no meu perfil eram voltadas para conceitos mais básicos. Agora, estão avançadas, mais sofisticadas e voltadas para o planejamento a longo prazo e para os produtos financeiros em si”, observa.

Além disso, muitas mulheres já pensam em ingressar no mercado financeiro. “Hoje, muitas me perguntam sobre certificações. Percebo que parte deste interesse se deve também à possibilidade de trabalhar de casa para ficar mais perto dos filhos”.

Por que gerar conteúdo para mulheres?

“Sempre trabalhei com finanças. Quando fui contratada por uma corretora, passei a estudar para ser trader. 

Depois de ter passado pelos altos e baixos que a curva de aprendizado exige, percebi que as pessoas do meu círculo de trabalho me elogiavam. 

Já as amigas de outros setores, ficavam apenas orbitando dentro do meu conteúdo, porque achavam muito complicado. Percebi que, de modo geral, as mulheres ainda não tinham muito conhecimento sobre o tema. 

O meu canal surgiu a partir deste contexto. Vi que era a forma mais fácil e escalável para disseminar informação. Foi um caminho construído”, se lembra Paula. 

Como está a participação das mulheres no mercado financeiro?

Segundo dados divulgados pela B3, o perfil de gênero dos investidores mudou pouco ao longo dos anos, apesar da entrada de mulheres nos últimos períodos. 

A proporção entre homens e mulheres se manteve praticamente constante ao longo dos anos.

Informações mais atuais, disponibilizadas em fevereiro de 2022, mostram que o universo de gêneros entre os investidores se divide em 23,36% feminino e 76,64% masculino.

Os dados divulgados pela B3 consideram o CPF cadastrado em cada agente de custódia. Isso significa que podem contabilizar o mesmo investidor se ele possuir conta em mais de uma corretora.

Renda variável: participação das mulheres por investimentos 

Segundo um estudo divulgado pela B3 em janeiro de 2022, o perfil de gênero dos investidores tanto em Fundos Imobiliários (FIIs) quanto em ETF mudou pouco ao longo dos anos. 

A divisão segue da seguinte forma:

Mulheres Homens 
Total equities24%76%
Ações à vista27%73%
Fundos imobiliários (FIIs)28%72%
ETF26%74%
BDR14%86%

Fonte: B3

Evolução da diversificação em investimentos por gênero

Segundo a B3, as mulheres diversificaram suas carteiras de investimentos ao longo dos anos. 

Em 2016, 75% das investidoras possuíam apenas ações, hoje esse número caiu para 42%, com aumento considerável em mulheres que passaram a investir em FIIs e BDRs.

Mulheres: aumento da procura por FIIs e BDRs

gênero e diversificação

Reprodução/B3

Interesse feminino em FIIs reflete preocupação com filhos e aposentadoria 

Segundo Paula Reis, “as mulheres têm mais interesse nos Fundos Imobiliários (FIIs), porque ele é ótimo para a faculdade do filho e para a aposentadoria. Essa questão de se preocupar com o filho na hora de fazer investimentos é muito comum. A mulher, muitas vezes, é a chefe de família e muitas pessoas na casa dependem da renda dela para o sustento”, comenta a trader.

Mulheres são mais arrojadas que homens na bolsa de valores

Embora o número de investidores homens que entram em equities na B3 seja historicamente maior, elas fazem o primeiro aporte em um valor médio superior ao deles: R$ 62,00 mulher, contra R$ 44,00 homem.

Em 2014, por exemplo, a média do valor inicial das mulheres era de R$ 6 mil, contra R$ 4 mil dos investidores do sexo oposto.

mulheres na bolsa

Reprodução/B3

Dentre os investidores que entraram em dezembro de 2021, tanto homens quanto mulheres, a maioria teve seu primeiro investimento em até R$ 200,00. 

Contudo, as mulheres apresentam concentrações maiores em faixas de investimento a partir de R$ 2 mil.

mulheres

Reprodução/B3

Mulher trader perde menos e ganha mais

Sobre o estudo divulgado pela B3, Paula Reis, avalia como a dedicação feminina ao estudo do tema tem colocado a mulher em posição de maior segurança na hora de investir. 

“Quando falamos em aportes, a mulher tem mais gestão de risco, acaba entrando com mais dinheiro na bolsa. A trader mulher perde menos e ganha mais. Ela tem visão de longo prazo”, observa.

Desigualdades de gênero se refletem no âmbito dos investimentos 

“A gente sabe que as mulheres têm salários menores e, além disso, precisam planejar sua carreira para serem mães. Esses fatores refletem nas decisões sobre os investimentos. Fazem com que elas tomem decisões mais cautelosas que os homens”, analisa Paula.

Mulheres: preferência pelo Tesouro Direto 

Diferente do mercado de equities, o perfil de gênero dos investidores em Tesouro Direto mudou consideravelmente ao longo dos anos.

Embora o número de investidores homens, historicamente, seja maior, essa distância tem diminuído. 

Hoje, 38% dos investidores no produto são mulheres, aumento de 13p.p quando comparado a 2013. 

Reprodução/B3

Mulheres fazem aportes maiores que homens 

Da mesma forma que em equities, as mulheres tendem a ter os primeiros investimentos maiores do que o dos homens.

Renda fixa: mais atenção entre as mulheres iniciantes 

“Na questão do apetite ao risco, vejo ainda interesse das mulheres em renda fixa em um primeiro momento. Mas, quando ela está no segundo passo enquanto investidora, ela vai olhar para outros produtos”, comenta Paula Reis.

Como as mulheres podem começar a investir?

Para descobrir o seu perfil investidor, a trader incentiva que as mulheres iniciem seus investimentos de forma diversificada.

“Minha dica é começar com pouco em cada produto. Essa experiência somada ao conhecimento abrirá portas para se acostumar com o risco. Quando você tem um pouquinho em cada lugar, você vai sentir na pele como você vai lidar com a oscilação. 

Comecei com FIIs e ETFs antes de investir em ações. As ações me traziam uma certa ansiedade. Além disso, eu não sabia como escolher diante de tantas opções”, relembra.

“Perdi R$ 1000 em uma semana”

“Em 2009, foi minha primeira vez na bolsa. Não tinha conhecimento e perdi R$ 1.000 em uma semana”, admite a trader.

“Já em 2015 e 2016, quando a Selic estava em 14%, eu que investia em renda fixa, mas não estava feliz com os rendimentos. Isso revelou o meu apetite a risco, que acabou virando minha grande paixão. 

Mas, é claro que estou sempre diversificando. Isso é muito importante para sobreviver ao mercado”, recomenda. 

Sobre ser mulher trader

“Ser trader é como qualquer outra profissão: exige muitas horas de estudo. É preciso saber que existem ciclos que precisam ser acompanhados. Você pode viver de bolsa, mas isso não acontecerá da noite para o dia.

Antes de começar a investir seu próprio dinheiro, as mulheres podem treinar em simuladores, como o Conta Demo. Depois que ela estiver segura com constância e ganhos, pode colocar o seu dinheiro”. 

E a aceitação das mulheres no mercado financeiro?

“Percebo que existe uma preocupação das empresas de capital aberto com os requisitos do ESG (que prevê uma Governança Ambiental, Social e Corporativa). 

Isso faz o mundo no geral olhar para a questão de diversidade e igualdade de gêneros.

No entanto, no mercado financeiro em si, ainda sinto que é preciso trabalhar essa mentalidade. Ainda vejo escopos muito fechados, nos quais temos iniciativas acontecendo em momentos pontuais como Dia das Mulheres”, analisa Paula.

Superando questões estruturais

“Mas esse cenário é algo até esperado. No Brasil, a questão é estrutural: as mulheres passaram a ter direito a ter um CPF próprio somente em 1962, no mesmo momento em que começaram a entrar no mercado de trabalho. 

Ou seja: só conquistamos o direito de ter uma conta individual no banco, ter cartão de crédito e a ganhar nosso próprio dinheiro há poucas décadas. É algo muito novo”. 

E os investimentos das mulheres em 2022?

“Vejo que quem estava sem conhecer a bolsa vai ficar na renda fixa. Mas, quem já entrou na bolsa vai entrar com mais capital. Vai fazer aportes com mais conhecimento. 

Acho que o mercado está muito dinâmico para a renda variável. Tivemos o lançamento da DeFi, que é uma operação ainda mais avançada. Essa diversificação vai segurar o investidor”, finaliza Paula.

(Por Vanessa Araujo)

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