Hamilton Mourão, vice-presidente da República, deu entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo e expressou sua opinião sobre a “guerra” política que vem sendo travada em torno do coronavírus. E pediu consenso para conter a pandemia.
“O fulano está pensando só nisso porque é de direita e o outro só aquilo porque é de esquerda. Não. Nós temos de buscar um meio-termo e a igualdade”, disparou.
Na visão de Mourão, o presidente Jair Bolsonaro e os governadores precisam encontrar uma forma conjunta de lidar com a crise causada pela Covid-19.
“Acho que está havendo uma falta de coordenação das ações no final. É preciso encontrar um modelo de isolamento que não seja 8 ou 80”, aconselhou.
“Gripezinha?”
O general Hamilton Mourão não fugiu das perguntas mais polêmicas na entrevista à Folha, mas evitou entrar em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro.
Questionado a respeito da polêmica declaração do presidente sobre o coronavírus, rotulado por ele de “gripezinha”, Mourão contemporizou.
“Ele [o vírus] é sério. O presidente, quando fala de gripezinha, é o linguajar dele. Busca passar certo grau de confiança para a população. Aí a turma fica com raiva e quer pular na jugular dele”.
Isolamento
O vice-presidente também minimizou o mal-estar criado pelas declarações de Bolsonaro sobre o isolamento pregado pela imensa maioria dos governadores do Brasil, mas criticado pelo Chefe do Estado.
“Ele quis explicar as consequências de um lockdown drástico e o que iria acontecer na economia. Então apresentou aquela preocupação”, explicou.
“O presidente tem o jeito dele. Sou vice-presidente do Jair Bolsonaro. Ando na ala dele. Não estou aqui para dizer: Presidente, muda seu jeito de ser. Não adianta. Ele tem 65 anos”.
O Brasil não pode parar
Hamilton Mourão também respondeu sobre a polêmica campanha lançada – e depois negada – pela Secom, “O Brasil não pode parar“.
Segundo o vice-presidente, realmente “o Brasil não pode parar”, mas é necessário um consenso para evitar a propagação ainda maior do coronavírus.
“Talvez agora chegue o momento de, em uma conversa entre a área técnica da medicina e a econômica, buscar posição onde determinadas atividades possam, de forma progressiva, retomar”, ponderou.
“Temos um temor de que muita gente desempregada e subempregada de uma hora para outra fique sem recursos”, concluiu.
Mortes por coronavírus passam de 31 mil: os números da Covid-19 pelo mundo
Coronavírus: Conta para salvar economia global já está em US$ 7 trilhões, diz estudo