A economia criativa resiste à crise do novo coronavírus com uso de ferramentas online. Assim, a internet tem contribuído para que os empreendedores do setor criem novos modelos de negócios e fujam das dificuldades.
Com mais de 150 mil empreendimentos na área, empregando mais de 48 mil pessoas e gerando uma massa salarial de R$ 1,3 bilhões por ano, o segmento tem se reinventado diante da crise, segundo o Sebrae.
As ações tomadas para conter a expansão do coronavírus impactou diversos seguimentos no Brasil. Assim, com a proibição da realização de festas, eventos e reuniões, os pequenos negócios que atuam com economia criativa foram prejudicados.
Este é o caso da professora de canto, Stefanni Lanza, 34 anos, que dá aulas há 14 anos em Belo Horizonte. Diante da crise, a autônoma encontrou nas aulas de música online a solução realizar realização de suas atividades presenciais, mesmo à distância.
Há mais de uma semana, ela mantém encontros virtuais e individuais com os alunos, com duração de uma hora, no formato ao vivo, onde há interação total entre professor e estudante.
“Reformulei toda a nossa metodologia, criando exercícios e dinâmicas voltadas para a interação virtual. Com este novo formato, mantive a metade dos alunos, tenho conseguido novas adesões, de pessoas. As minhas aulas acabam funcionando como um hobby. Apesar de toda essa crise, acredito que vamos superar”, afirma a professora de música.
Redes sociais
Stefanni Lanza destaca o papel fundamental das redes sociais e da internet para conseguir manter seu negócio.
“É curioso como o setor criativo é capaz de se reinventar diante da crise, é claro que estamos preocupados com a infinidade de eventos que estão sendo cancelados. Mas, em contrapartida, fico feliz ao ver iniciativas de artistas se reunindo para fazer apresentações ao vivo pela internet. É uma corrente do bem, graças à tecnologia que dispomos. Fui procurada para fazer um show online para funcionários de uma empresa de TI. O dono quer proporcionar momentos de entretenimento para os colaboradores que estão produzindo em home office. Isso é incrível, enche nossos corações de esperanças”, declara.
A analista de Competitividade do Sebrae, Jane Blandina, acredita que há uma tendência mundial no uso da internet como plataforma de disseminação da cultura e do entretenimento. Todavia, ela reforça que os pequenos negócios precisam de incentivos do governo. E também da sociedade para conseguirem monetizar o seu trabalho.
“Vejo um movimento global de popularização das lives. Há museus, escolas de música, Djs, produtores e cantores que já aderiram. A visibilidade que a internet proporciona é sensacional, é uma oportunidade, mesmo dentro da crise. Para além disso, destaco iniciativas como a do governo do Ceará que abriu editais selecionando artistas para fazerem apresentações online. É importante pensar em soluções para continuar gerando renda para esses criativos”, analisa.