O ex-ministro da Defesa, Shigeru Ishiba, será o próximo primeiro-ministro do Japão, após vencer uma votação realizada nesta sexta-feira (27) para liderar o Partido Liberal Democrata (PLD), o partido governante do país.
O parlamento japonês, controlado pelo PLD, se reunirá na próxima terça-feira (1) para confirmar sua nomeação como primeiro-ministro.
Shigeru Ishiba já havia participado de quatro tentativas fracassadas de se tornar líder do partido, afirmando que esta seria sua última oportunidade. Em uma disputa acirrada entre nove candidatos, ele destacou sua plataforma de reformar a imagem do PLD após uma série de escândalos financeiros.
Com uma vitória apertada sobre a ministra da segurança econômica, Sanae Takaichi, que poderia ter sido a primeira mulher a liderar o Japão.
Segundo informações do jornal Valor, Ishiba assume o comando do país em meio a desafios de segurança sem precedentes, como o aumento da capacidade militar da China, os testes de mísseis da Coreia do Norte e uma Rússia cada vez mais agressiva, que recentemente violou o espaço aéreo japonês.
“Eu protegerei o Japão”, declarou Ishiba durante sua campanha, ressaltando a importância de sua vasta experiência para alcançar esse objetivo.
Apesar de ser um conservador firme em questões de defesa, Shigeru Ishiba representa uma linha diferente dentro do PLD, contrastando com a política adotada pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e o atual líder, Fumio Kishida, que anunciou sua renúncia em agosto. Abe e Kishida reforçaram a aliança do Japão com os Estados Unidos e aumentaram os gastos militares sem modificar substancialmente sua estrutura.
Por outro lado, Ishiba tem mostrado insatisfação com os desequilíbrios da aliança entre Japão e Estados Unidos, prevendo possíveis tensões no futuro. O Japão abriga aproximadamente 55 mil soldados americanos, cobrindo 75% dos custos operacionais das bases militares. No entanto, o tratado de defesa não obriga o Japão a retribuir o apoio caso os Estados Unidos sejam atacados.
Em um livro publicado em agosto, Ishiba afirmou: “Não acho que o Japão seja uma nação verdadeiramente independente ainda”. Durante sua campanha, ele propôs mudanças significativas na aliança com os Estados Unidos, sugerindo que as bases americanas em Okinawa, que hospeda a maioria das tropas, pudessem ser transformadas em operações conjuntas entre os dois países.
Ishiba também defendeu que tropas japonesas fossem permanentemente estacionadas em solo americano, como na ilha de Guam, visando um relacionamento mais equilibrado. Ele ainda sugeriu a criação de uma versão asiática da OTAN para fortalecer a dissuasão na região.
Conhecido por sua franqueza, Ishiba criticou a postura de submissão total aos Estados Unidos. Em uma entrevista de 2018 ao “Wall Street Journal”, ele afirmou que o Japão seria ignorado se apenas demonstrasse lealdade incondicional a Washington.
Quem é Shigeru Ishiba?
Filho de um governador da província rural de Tottori, Ishiba foi influenciado desde cedo pelo ex-primeiro-ministro Kakuei Tanaka, que lhe ensinou a importância do contato direto com os eleitores.
Em 1986, aos 29 anos, Shigeru Ishiba foi eleito para o parlamento, representando Tottori, e desde então ocupou diversas posições no governo, incluindo ministro da Defesa e da Agricultura.
Durante sua campanha recente, Ishiba prometeu transparência e responsabilidade após um escândalo que abalou o PLD, envolvendo a falha de legisladores em reportar fundos políticos adequadamente.
Com o apoio massivo dos membros de base do partido, Ishiba emergiu como o líder ideal para conduzir o Japão e o Partido Liberal Democrata nas próximas eleições gerais, previstas para novembro de 2025.
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