Os Estados Unidos criaram 275 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês de fevereiro, segundo dados do payroll divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Departamento do Trabalho norte-americano. O resultado representa uma aceleração em relação ao mês passado, quando o país divulgou 229 mil novas posições, com o dado já revisado nesta data, de 353 mil posições reportadas anteriormente.
A projeção do mercado era de criação de 200 mil novas vagas informadas pelo payroll.
A taxa de desemprego subiu para 3,9% no mês, após três meses de estabilidade em 3,7%, e superou a estimativa dos analistas, que esperavam manutenção por mais um mês. O número de desempregados aumentou em 334 mil, para 6,5 milhões, contra 6,0 milhões no mesmo período do ano anterior.
O salário médio por hora subiu 0,1% em fevereiro, de 0,5% em janeiro, informou o payroll. A previsão do mercado era de alta de 0,3%. Na comparação ano a ano, o avanço é de 4,3%, de 4,4% anteriormente. O aumento no salário médio por hora de todos os trabalhadores em folhas de pagamento privadas não agrícolas aumentou 5 centavos de dólar, para US$ 34,57 dólares, após um aumento de 18 centavos em janeiro.

A taxa de participação da população ativa nos Estados Unidos foi de 62,5% pelo terceiro mês consecutivo.
Houve ganhos de emprego no setor de saúde, no governo, nos serviços de alimentação e bebidas, na assistência social, em transportes e armazenamento no período.
Payroll: dados revisados
Os dados do payroll de dezembro e janeiro também foram revisados pelo Departamento de Trabalho norte-americano.
Na divulgação anterior, o número de dezembro havia sido alterado de 216 mil para 333 mil vagas abertas. Agora, o Departamento do Trabalho firmou o dado em 290 mil. A variação de janeiro foi subtraída em 124 mil vagas, de 353 mil para 229 mil. Com estas revisões, os novos postos foram reduzidos em 167 mil do reportado anteriormente.
O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, avalia que as divulgações da semana referentes ao mercado de trabalho norte-americano vieram em direções diferentes. O payroll, dado oficial, veio acima do consenso de 200 mil novas vagas. Apesar disso, o resultado de janeiro, de 353 mil, foi revisado para baixo de maneira expressiva, a 229 mil posições. Com isso, a redução no número estimado de vagas abertas foi de 120 mil de um mês para o outro. Portanto, a média dos dois meses é bem mais baixa do que se imaginava inicialmente.
Além disso, a taxa de desemprego subiu. O número é calculado pela quantidade de pessoas empregadas, não pela quantidade de vagas. Há um topo na quantidade de pessoas efetivamente ocupadas na economia norte-americana, com alguma desaceleração desde novembro, o que é outro sinal de mais uma pequena fraqueza deste mercado de trabalho, segundo Kautz.
Kautz observa que, do lado dos salários, o crescimento veio abaixo do esperado, de 0,20%, com apenas 0,10% de avanço. O mais importante nisso é que o mês anterior foi revisado para baixo. Ou seja, há dois meses com resultados mais fracos, rodando abaixo da inflação. São valores nominais, então, em termos reais, deve haver queda na renda real nos EUA.
“Apesar da surpresa positiva, vemos sinais de que o resultado foi um pouco mais fraco, o que sugere uma reequilibrada desse mercado de trabalho. O dado ajuda no call de corte de juros, mas não vemos como o suficiente na antecipação dessa decisão. Ficaremos atentos ao CPI na próxima semana e aos próximos dados do payroll para ter mais confiança.”