Os mercados globais amanheceram sob forte tensão nesta sexta-feira (13), após o ataque de Israel a instalações nucleares no Irã, mas a reação dos principais indicadores econômicos surpreendeu analistas. Para Marink Martins, analista internacional da EQI Research, os movimentos registrados nas primeiras horas de negociação revelam que “há algo diferente” no comportamento dos investidores diante do novo capítulo do conflito no Oriente Médio.
Israel-Irã: qual a razão do conflito?
O bombardeio israelense, realizado durante a madrugada no Irã (noite de quinta-feira no Brasil), atingiu alvos estratégicos, incluindo a usina nuclear de Natanz — considerada o coração do programa de enriquecimento de urânio iraniano — e um aeroporto militar em Tabriz. Entre as baixas confirmadas estão figuras-chave da cúpula militar iraniana: Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, e Mohammad Bagheri, chefe das Forças Armadas, além de dois cientistas nucleares.
Em resposta, o Irã classificou a ofensiva como uma “declaração de guerra” e prometeu retaliação. Já nesta sexta-feira, Teerã lançou mais de 100 drones contra território israelense, enquanto o premiê Benjamin Netanyahu afirmou que as operações militares seguirão “pelo tempo que for necessário” para neutralizar o que chamou de “ameaça existencial” representada pelo programa nuclear iraniano.
“Tem algo diferente aí”: como os mercados reagiram
Apesar da escalada militar, a reação dos mercados globais destoou do que historicamente se observa em episódios semelhantes.
“Em um cenário de guerra envolvendo dois países-chave, esperava-se uma alta mais pronunciada em ativos de proteção”, analisou Martins. “Mas não estamos vendo um movimento tão acentuado nos preços do dólar quanto seria natural em um conflito dessa magnitude.”
Segundo o analista, existem três grandes preços globais que geralmente servem de termômetro nesses momentos: o petróleo, o dólar e as taxas de juros americanas de 10 anos.
“O petróleo, como esperado, subiu, mas ainda de forma contida — operando na faixa dos US$ 74 a US$ 75 o barril, o que, inclusive, beneficia empresas como a Petrobras no curto prazo”, observou.
Já o dólar — tradicional porto seguro em crises globais — registrou alta modesta.
“Chama a atenção o fato de o ouro estar subindo mais do que o dólar”, destacou Martins. “Isso sugere que, embora haja busca por proteção, há também uma percepção de que o conflito, neste momento, pode ser mais passageiro do que estrutural.”
Outro ponto curioso apontado pelo analista foi o desempenho do mercado indiano, geralmente muito sensível a oscilações no preço do petróleo devido à dependência energética do país.
“Desta vez, a bolsa indiana não sofreu quedas expressivas, o que reforça a leitura de que, por ora, o mercado está precificando o episódio como localizado e controlável”, completou.
Ainda assim, Martins faz uma ressalva: “É cedo para conclusões definitivas. Podemos estar diante de um evento transitório, mas também não se pode descartar que uma escalada mais ampla altere de forma significativa os fundamentos da economia global.”
Enquanto Israel mantém sua ofensiva e o Irã promete retaliação, a comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, já acionou o Conselho de Segurança da ONU pedindo uma resposta imediata, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou a pressão sobre Teerã para retomar negociações sobre o programa nuclear.
Na rede social Truth Social, Trump afirmou: “A próxima onda de ataques planejada será ainda mais brutal. O Irã precisa fechar um acordo antes que não reste nada — e salvar o que antes era conhecido como o império iraniano.”
