O IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10) registrou queda de 0,97% em junho, ampliando o recuo observado em maio, quando teve leve baixa de 0,01%. Apesar da deflação no mês, o índice ainda acumula alta de 5,62% nos últimos 12 meses e avanço de 0,23% no acumulado de 2025. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (16) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em junho de 2024, o movimento foi bem diferente: o IGP-10 havia subido 0,83% no mês, com uma alta acumulada de 1,79% no ano. O cenário atual reflete, principalmente, a forte influência da queda dos preços das commodities no atacado, além da desaceleração dos alimentos no varejo.
Commodities puxam o IPA para baixo
O principal responsável pela queda do IGP-10 foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% da composição do índice. O IPA caiu 1,54% em junho, intensificando o recuo de -0,17% visto em maio.
A pressão veio das matérias-primas brutas, que despencaram de -1,09% em maio para -2,98% em junho, impactadas pela redução dos preços do milho e de outras commodities agrícolas. “Com o avanço das colheitas e os resultados positivos da safra, os preços do milho em grão registraram forte recuo neste mês – movimento que impactou diretamente o IPA, levando-o a uma queda significativa”, explica Matheus Dias, economista do FGV IBRE.
Além disso, os Bens Finais saíram de uma alta de 0,99% em maio para praticamente estabilidade, com queda de -0,01% em junho. Bens Intermediários também recuaram, passando de 0,10% para -0,87%.
IPC desacelera, mas segue positivo
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação no varejo, teve alta de 0,28% em junho, mas desacelerou em relação a maio, quando subiu 0,42%. O alívio veio, principalmente, dos alimentos, cuja taxa caiu de 0,53% para 0,11% no mês.
Produtos como ovos, tomate e arroz ficaram mais baratos, contribuindo para essa freada na inflação. Ainda assim, setores como Habitação mostraram avanço, subindo de 0,57% para 0,86%, impactados pelo aumento na conta de energia.
Construção civil mantém pressão nos custos
O único índice que seguiu pressionando para cima foi o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que acelerou de 0,43% em maio para 0,87% em junho. O destaque foi para o custo da mão de obra, que disparou 2,38% no mês, refletindo os reajustes salariais do setor.
Enquanto isso, os custos com materiais e equipamentos recuaram de 0,35% para -0,28%, e os serviços desaceleraram de 0,54% para 0,49%.
“Os custos da construção civil continuam em ascensão, pressionados em parte pelo aumento dos salários do setor e por insumos como a conta de energia”, destaca Matheus Dias.