O Brasil, desde 2019, teve oito concessões de estradas estaduais licitadas. Dessas, cinco foram vencidas por consórcios formados por empresas de engenharia de médio porte, as quais, ou sozinhas ou associadas a algum grupo maior, estão ganhando força no mercado.
Para muitos analistas, esse novo perfil aumenta a competição no setor, porém, a novidade também representa um motivo de preocupação, pois a capacidade financeira e operacional desses novos agentes podem surpreender positiva ou negativamente.
Isso porque os desafios financeiros do mercado de concessões é extremamente complexo. Essa dificuldade vai desde a operação financeira do dia-a-dia até possíveis dificuldades para obter crédito.
Um bom exemplo de como superar tais dificuldades é o Consórcio Way-306, formado pelas empresas GLP Engenharia, Comércio Bandeirantes, TCL, Senpar e TORC.
O Consórcio Way-306 venceu o leilão da rodovia estadual MS-306, em 2019, com um lance de R$ 605,3 milhões. Hoje, o consórcio administra aproximadamente 220 quilômetros da rodovia.
Rota para a exportação de grãos, a rodovia estadual MS-306 é uma das principais saídas da escoar a produção da região para os portos do Sudeste. Portanto, a MS-306 é um tronco importante do agronegócio brasileiro.
O Consórcio Way-306 inovou ao montar um “project finance“, isto é, ofereceu o próprio projeto como única garantia do empréstimo. Com essa operação, inédita no setor, o Way-306 obteve R$ 315 milhões no mercado de capitais com emissão de debêntures de infraestrutura.
Durante os 30 anos do contrato de concessão, o Way-306 deverá investir R$ 1,7 bilhão na MS-306.
Segundo o Consórcio Way-306, no primeiro ano de concessão foram investidos R$ 110 milhões em serviços como recuperação do pavimento, construção das edificações (posto de fiscalização da Agepan – Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul, bases operacionais e de atendimento ao usuário, praças de pedágio e tecnologia: infraestrutura e sistemas).
Já no cenário de leilões federais, a CCR e Ecorodovias lideram. Dos últimos cinco feitos desde 2019, essas empresas só não venceram o da BR-163, que foi conquistada pelo consórcio formado por Conasa e as empresas de engenharia Zeta, Rocha Cavalcante e M4.