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Caso Credit Suisse: grande demais para quebrar ou grande demais para ser salvo?

Caso Credit Suisse: grande demais para quebrar ou grande demais para ser salvo?

O caso Credit Suisse foi aberto depois de os investidores desconfiarem do anúncio de adiamento do relatório financeiro do banco. Logo depois, veio um efeito dominó que ganhou a atenção dos mercados de mundo inteiro. Mas o que está em jogo, exatamente?

Em jogo, para os suíços, a sua própria credibilidade bancária, que fez com que o governo do país fechasse em um só fim de semana a compra do Credit Suisse pelo UBS – uma transação complexa que normalmente demandaria mais tempo. Porém, em um arranjo que salvou o banco.

Entenda a cronologia da crise:

O que é o Credit Suisse?

Antes de tudo, é preciso saber o que é o Credit Suisse para ter uma compreensão maior do peso dessa instituição no cenário da economia europeia.

O banco foi fundado por Alfred Escher em 5 de julho de 1856, ainda com a nomenclatura em alemão de Schweizerische Kreditanstalt (SKA), que em português significa Instituição de Crédito Suíço.

Com o passar dos anos, adotou-se o nome em francês, que é um dos idiomas falados no país, chegando então ao atual Credit Suisse.

O grupo é dividido em três grandes departamentos: Investment Banking, Private Banking e Asset Management. Há ainda serviços compartilhados, que incluem TI, marketing e jurídico.

Grandes mudanças vieram a partir dos anos 1940. Em 1942, o banco abriu sua primeira agência fora do país de origem, mais precisamente em Nova York, nos Estados Unidos, dando os primeiros passos rumo à globalização.

Depois fez diversas fusões e aquisições. No Brasil, o Credit Suisse comprou o Banco Garantia, que durante anos teve como principais acionistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que hoje estão às voltas com a crise da Americanas (AMER3).

No ano passado, o banco teve uma fatia de 9,8% comprada pelo Saudi National Bank, ou Banco Nacional Saudita, que se tornou o principal acionista dos europeus.

Caso Credit Suisse: banco já vinha em reestruturação

Antes da queda intensa das ações nesta semana, o Credit Suisse já vinha passando por uma reestruturação interna, devido a problemas que ocorreram nos últimos anos. Um deles foi a quebra do Greensill, em 2021, instituição no qual o Credit Suisse havia investido cerca de US$ 10 bilhões por meio de seu braço de gestão de ativos.

Poucas semanas depois, o caso do fundo Archegos provocou uma venda intensa de papéis. O Credit Suisse tinha investido nesse fundo aproximadamente US$ 5 bilhões.

ilustração com dados da presença do Credit Suisse no mundo
Presença do Credit Suisse no mundo. Reprodução: site Credit Suisse

Naquele mesmo ano, o banco suíço se viu no meio de um escândalo de corrupção em países africanos como Moçambique, já que havia emprestado dinheiro a estatais daquele país. Estados Unidos e Reino Unido aplicaram sanções e provocaram perdas de US$ 475 milhões aos europeus.

No ano passado estourou o caso da reportagem do New York Times intitulada “Suisse Secrets”, no qual o banco era acusado de supostamente ter recebido dinheiro de clientes considerados duvidosos e que estariam envolvidos em diversos casos de corrupção e até de alçada criminal.

Queda nas ações e crise

Todo o cenário anterior, provocou uma reestruturação no banco, que passou a apresentar dificuldades. Até que semana passada, ocorreu o fechamento dos norte-americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank, provocando uma crise bancária.

A crise não bateu forte até que o decidiu interromper qualquer aporte no banco da suíça. Foi a gota d’água para que as ações do banco nas bolsas internacionais caíssem até 30%, valendo menos de 2 francos, na mínima histórica do país. Alguns analistas chegaram a não descartar risco de default, o que seria o pior dos cenários para os investidores.

Mas nem tudo estava perdido. No fim desse mesmo dia turbulento, o Credit Suisse conseguiu um crédito de US$ 54 bilhões junto ao Banco Nacional da Suíça – que é a autoridade monetária helvética – confirmando o socorro à instituição centenária.

Horas após o anúncio, os papéis do Credit Suisse chegaram a subir cerca de 17%, mostrando que o voto de confiança do Banco da Suíça surtiu efeito e os investidores demonstraram sua confiança na instituição fundada em 1856.

UBS entra em cena

Como forma de salvar o Credit Suisse de uma eventual quebra e ainda da própria credibilidade do sistema bancário suíço, o governo de Genebra mediou uma transação envolvendo a compra da instituição pelo concorrente, o banco UBS. A compra foi fechada em um único fim de semana pelo valor de US$ 3,5 bilhões. O acordo também inclui uma assistência de liquidez de 100 bilhões de francos suíços, o equivalente a cerca de US$ 108 bilhões.

Segundo informado pelo jornal Valor Econômico, o presidente do conselho do Credit Suisse, Axel Lehamann, teria sido convocado a uma reunião em teleconferência da qual também participou o Banco Naconal da Suíça e outros agentes da autoridade monetária do país. Eles informaram diretamente a Lehmann que o Credit Suisse seria incorporado pelo UBS.

Sem opções, restou a Lehamann aceitar o acordo imposto. O anúncio foi feito em pleno domingo, antes da abertura dos mercados da Ásia. E assim, o Credit Suisse foi salvo da ruína.

O economista Nuriel Roubini, conhecido como “Doutor Catástrofe”, por suas previsões apocalípticas, chegou a dizer que o Credit Suisse seria “grande demais para quebrar, mas por outro lado pode ser grande demais para ser salvo”.

Até o momento, venceu a primeira opção. Até porque uma das questões que está em jogo é a credibilidade do sistema bancário europeu e até mesmo a credibilidade do sistema bancário suíço, conhecido por ser um dos mais robustos do mundo.

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