A arrecadação do Brasil com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) alcançou R$ 8 bilhões em junho, um salto de 38,83% em relação ao mesmo mês de 2024. Os dados foram divulgados pela Receita Federal e refletem o impacto direto das recentes alterações legislativas, especialmente nas operações de crédito e saída de moeda estrangeira.
Esse desempenho expressivo reforça o papel estratégico do IOF na arrecadação federal, principalmente em contextos de aperto fiscal. O crescimento observado em junho é resultado não apenas do aumento de operações financeiras, mas também de mudanças normativas que elevaram as alíquotas incidentes sobre essas operações.
Onde está o crescimento da arrecadação?
As operações de crédito foram responsáveis pela maior parte da arrecadação do IOF em junho. As concessões a pessoas físicas somaram R$ 2,7 bilhões, enquanto as destinadas a pessoas jurídicas renderam R$ 2,2 bilhões. Isso mostra como o consumo das famílias e a atividade empresarial ainda sustentam um volume expressivo de movimentações tributadas.
A saída de moeda estrangeira do país gerou R$ 1,6 bilhão em receitas para o governo, refletindo o aumento nas viagens internacionais e operações de câmbio. Outros segmentos também contribuíram: seguros arrecadaram R$ 856 milhões, títulos e valores mobiliários, R$ 427 milhões, e operações de entrada de moeda, R$ 170 milhões. Há ainda uma fatia de R$ 47 milhões vindos de outras modalidades.
IOF e os conflitos entre os Poderes
A alta do IOF em junho foi resultado de uma medida do governo federal para reforçar o caixa diante de bloqueios no orçamento. No entanto, o aumento das alíquotas gerou forte reação do setor produtivo e do Congresso Nacional, que se mobilizou para derrubar o decreto presidencial.
O impasse chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu manter o decreto quase integralmente, derrubando apenas a cobrança sobre operações de “risco sacado”, modalidade de crédito usada por grandes empresas. Claudemir Malaquias, da Receita, afirmou que o impacto isolado dessa operação não é mensurável devido à forma agregada de arrecadação do tributo.
IOF no semestre e projeções para o ano
De janeiro a junho de 2025, o Brasil arrecadou R$ 36,87 bilhões com o IOF, contra R$ 33,89 bilhões no mesmo período de 2024. O crescimento contínuo mostra que, mesmo com debates intensos sobre sua estrutura, o IOF permanece uma fonte relevante de receita para o governo federal.
A Receita Federal estima arrecadar mais R$ 8,4 bilhões entre julho e dezembro, com uma média mensal de R$ 1,6 bilhão. Considerando as exclusões recentes, como a do risco sacado, a previsão total para o ano é de R$ 11,5 bilhões, abaixo da meta inicial de R$ 12 bilhões.
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