O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, afirmou que o Brasil precisa adotar medidas duras para enfrentar seus desafios fiscais.
Durante participação na Brazil Conference, realizada neste fim de semana na Universidade de Harvard e no MIT, nos Estados Unidos, Fraga propôs o congelamento do salário mínimo “em termos reais” por um período de seis anos. A sugestão gerou controvérsia por tocar diretamente em um dos temas mais sensíveis da política econômica brasileira.
Congelamento do salário e controle fiscal
A proposta de Fraga consiste em impedir aumentos reais no salário mínimo, ou seja, limitar os reajustes apenas à reposição da inflação. Na prática, isso significaria suspender qualquer ganho real de poder de compra do trabalhador que ganha o mínimo, medida que contraria a política atual do governo, que prevê aumentos acima da inflação, até 2,5% ao ano.
“Onde está o dinheiro no Brasil? Uma conta gigante é a previdência, e ela está piorando assustadoramente, todos os estudos mostram, são regras que precisam ser refeitas”, disse Fraga. Ele ressaltou que grande parte do gasto público brasileiro é direcionada à previdência e à folha de pagamento. Segundo ele, esses custos comprometem cerca de 80% do orçamento, o que considera “um ponto completamente fora da curva”.
Reforma do Estado e urgência fiscal
Além da questão do salário mínimo, Armínio Fraga também defendeu uma “reforma radical” do Estado, com foco em contenção de gastos e reavaliação de regras previdenciárias. Ele alertou que, sem medidas mais firmes, o país continuará preso a um ciclo de déficits e crescimento baixo. A sugestão de congelar o salário mínimo seria, segundo ele, uma forma de criar espaço fiscal e reorganizar as prioridades orçamentárias.
Contexto político e preocupações internacionais
Durante o evento, Fraga comentou ainda sobre o cenário internacional, demonstrando preocupação com o comportamento do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Quando vejo o presidente dos Estados Unidos maltratando, humilhando o Canadá, o México, fico assustado. Onde vamos desse jeito?”, questionou, em tom crítico.
Para Fraga, o Brasil precisa adotar uma postura mais prudente e independente no cenário global. “O Brasil tem que manter certa independência, e ficar mais cuidadoso nas suas posições”, concluiu.
Debate acirrado
A fala de Fraga reacende o debate sobre o papel do salário mínimo na economia brasileira. Enquanto defensores da medida argumentam que o congelamento é necessário para reequilibrar as contas públicas, críticos alertam para o impacto social de manter o poder de compra dos trabalhadores estagnado por um período tão longo. A proposta toca em pontos centrais da política econômica e deve alimentar discussões entre economistas, parlamentares e movimentos sociais nos próximos meses.
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