Com a cotação do dólar batendo em R$ 4,50, as marcas importadoras de automóveis estão revendo suas projeções de vendas para 2020 no Brasil.
Em janeiro, a previsão da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos (Abeifa) era de um aumento de 20% nas vendas de carros importados por marcas sem fábricas no País.
“A cotação do dólar começou o ano em R$ 3,80 e, no segundo mês, já está em R$ 4,50; como podemos fazer planejamentos?”, questiona José Luiz Gandini, presidente da Abeifa e da Kia Motors, maior importadora do País.
Gandini disse que a previsão era de vender 42 mil veículos em 2020, mas hoje a Abeifa não tem projeção. A entidade previa a abertura de 60 concessionárias este ano, mas Gandini não vê chances de isso ocorrer.
O setor já teve 850 revendas em 2011, quando foram vendidos 199 mil veículos importados, e hoje tem 419.
O fechamento de lojas se intensificou com a aprovação, em 2012, do programa Inovar-Auto, que impôs alta de 30 pontos porcentuais no IPI de carros feitos fora do Mercosul, que varia de 7% a 25%.
Imposto alto
Desde então, executivos da Abeifa fazem peregrinações a Brasília para discutir a redução do Imposto de Importação, de 35%, mas, segundo Gandini, não há respostas nem mesmo do governo Bolsonaro, que tem agenda liberal e prometia reduzir a alíquota para 20%.
“Esse corte ajudaria a compensar as perdas com a volatilidade cambial e não teria qualquer efeito na balança comercial, pois representamos apenas 1,3% das vendas de veículos no País”, justifica.
Gandini lembra que os importadores empregavam 35 mil funcionários em 2011, número que hoje é de 14 mil. “As novas lojas gerariam cerca de 1,8 mil vagas”, afirmou em entrevista à Agência Estado.
No primeiro bimestre foram vendidos 5.075 carros importados. O número é 2,1% superior ao de igual período de 2019 mas, se a valorização cambial se manter, logo a comparação será negativa.
Segundo ele, a epidemia de coronavírus ainda não afeta os negócios do setor.