O banco BTG Pactual (BPAC11) reitera recomendação de compra para a Vale (VALE3) que deixou de ser uma das ações consideradas mais “odiadas” do Ibovespa há apenas algumas semanas para se tornar uma âncora de porto seguro para os investidores.
“Esperamos que o desempenho operacional da empresa melhore à frente e vemos a entrada da Cosan de forma positiva em várias frentes. Embora a recente redução do guidance de volume seja um tanto decepcionante, acreditamos que o risco de resultado (lucro) está inclinado para cima, especialmente com os preços do minério de ferro já perto de US$ 110/t”, aponta trecho do relatório.
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Segundo relatório do banco, foi uma reversão rápida e nítida nas narrativas, alimentada por questões globais e domésticas combinadas. Em relação a China, há um claro pivô em andamento, com os formuladores de políticas buscando acelerar a reabertura e estabilizar o colapso imobiliário. O que antes era retratado pelas autoridades como um vírus mortal agora está sendo tratado como uma gripe não letal.
Todas as indicações apontam para um processo de reabertura mais rápido, com expectativa de aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para quase 5% em 2023 (de aproximadamente 3%) em meio a pressões inflacionárias moderadas. “Portanto, espera-se que o catalisador vindo da China permaneça por meses, mas também vemos outros fatores – com a empresa amplamente isolada de um cenário macro brasileiro mais desafiador”, avaliou o banco.
Vale (VALE3); BTG espera que rotação para empresa pemaneça
O banco avaliou ainda que a mineradora parece ser um bom lugar para “estacionar dinheiro”, e o mercado ainda está com alocação baixa e por isso tem expectativa de que a rotação para Vale permaneça.
O relatório aponta ainda que a mineradora assume um múltiplo alvo de 5x EBITDA para 2023, o preço implícito do minério de ferro para a Vale é atualmente de US$ 97/t. No entanto, isso incorpora “apenas”: aproximadamente 300Mt em volumes de minério de ferro (bem abaixo da capacidade), segmento de metais básicos ainda aquém do esperado e sem monetização, base de custos inflada.
“Embora US$ 97/t pareça caro, a realidade é que os números estão um tanto poluídos e o balanço de riscos para preços ainda estão inclinados para o lado positivo”, aponta outro trecho
Mercado estaria antecipando cenário de investimento pré-covid na China
O BTG avalia ainda que alguns participantes do mercado ainda estariam antecipando o cenário de investimento na China pré-covid. Para ilustrar este ponto, o banco de investimentos assume uma queda de 1,5% na produção de aço bruto (CSP) prevista para a China em 2023. Isso leva a um superávit no balanço de oferta e demanda de 60Mt (3-4% de folga).
“Se assumíssemos uma taxa de crescimento medíocre de 1% na produção de aço bruto no próximo ano, chegaríamos a um mercado equilibrado para 2023. Embora seja praticamente impossível prever corretamente os preços das commodities, uma faixa de preço do minério de ferro de US$ 110-120/t não estaria fora de cogitação, em nossa opinião, especialmente porque o ponto de partida já está próximo do limite inferior dessa faixa”, aponta o relatório.
Para fins de argumentação, se você assumir um preço médio do minério de ferro de US$ 110/t para 2023, a Vale estaria negociando a apenas 3,8x EBITDA 23, um P/L de 5,7x e um cashflow yield simplificado de 13-14%.
Entrada da Cosan (CSAN3)
O relatório apont ainda a entrada da Cosan. Embora entenda que há dúvidas sobre o nível de contribuição da entrada da Cosan no conselho da Vale, o banco não acreditamos que foi apenas uma call somente macro.
“Acreditamos que haverá uma agenda construtiva, que poderá impactar várias das questões-chave da empresa (licenciamento, desempenho de volumes, metais básicos, alocação de capital, agenda de transição energética)”, avalia.
Sobre a questão dos volumes de produção, embora entenda a tentação de presumir que a Vale nunca mais cresça, o BTG vê potencial para a mineradora atingir embarques de minério de ferro de longo prazo de 350Mt, que não estão precificados.
Sobre a segmentação de minério de ferro, esse foi indiscutivelmente, um dos principais temas do Vale Day. Há potencial para maior segmentação dos mercados de minério de ferro, com minério de maior teor exigindo um prêmio mais alto estruturalmente.
Em última análise, isso implica que a Vale poderia entregar EBITDA mais forte em volumes semelhantes, se essa tese se concretizar. Sobre os custos, não faz sentido assumir preços de minério de ferro de longo prazo de US$ 70-75/t e nenhuma normalização da base de custo atual da Vale.
Em metais básicos, o banco mantém a visão de que o preço das ações da Vale não desconta nenhum prêmio pela iminente transição energética, com a unidade de metais básicos da Vale sendo negociada como se fosse minério de ferro.
O banco vê ainda mercados de minério de ferro mais apertados do que o consenso e não descarta preços de minério de ferro na faixa de US$ 110-120/t nos próximos meses. “Assim, vemos a Vale negociando abaixo de 4x EBITDA 23 e entregando FCF yields na faixa de 12-14%”, conclui o BTG.
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